E a sessão ocorreu

Depois de muitas idas e voltas, rodopios e piruetas, tretas e... enfim, depois de muita polêmica, o Plano Diretor foi analisado pela Câmara.  A sessão extraordinária, convocada pelo vice-presidente César Patrick (Republicanos), foi demorada. A começar pela leitura detalhada das propostas, repleta de termos técnicos, feitas por Ivânia Soldatti (do mesmo partido).

Fernando de Sá

O gestor de Gabinete, Fernando de Sá, compareceu ao plenário na tarde de ontem, para falar a respeito do projeto que altera o Plano Diretor e o perímetro urbano de Catanduva. Ao contrário de suas últimas visitas, desta vez a interação com os parlamentares foi muito cordial. Nesta questão específica, ele e os vereadores do Grupo dos Sete estão de pleno acordo. 

Argumentos bonitos

Em linhas gerais, as falas foram favoráveis ao projeto. Luis Pereira (PSDB) disse crer que a revisão do Plano Diretor faça com que empresários aportem em Catanduva. “Destravar a cidade” é um argumento recorrente utilizado pelo governo de Padre Osvaldo de Oliveira Rosa e pelos vereadores pró mudanças. 

Sobrou para o presidente

Maurício Gouvêa (PSDB) aproveitou seu discurso para fazer duras críticas ao presidente da Câmara, Gleison Begalli (PSDB), que está viajando por conta do recesso parlamentar e não pôde participar da sessão convocada às pressas pelo Executivo. A causa da contenda não tem a ver apenas com o Plano Diretor, mas também com a disputa pela Mesa Diretora da Câmara, que ocorrerá no fim do ano. Maurício é um dos cotados, ao lado de Marquinhos Ferreira e Alan Automóveis, para tentar derrubar o grupo de Gleison da presidência da Casa. Ainda há muita água para passar debaixo dessa ponte, mas a disputa tende a ficar cada vez mais acirrada. 

Placar avassalador

No fim das contas, as propostas foram aprovadas em primeira discussão pelos vereadores com placar avassalador, obtendo apoio de quase todos os vereadores e apenas uma abstenção. Quem deixou de votar foi Nelson Tozo, que é do mesmo partido de Gleison e integra a base aliada de Padre Osvaldo. Mesmo a dupla do PT, partido que travou uma disputa virulenta contra o tucano, na última eleição municipal, acabou dando seu sim à revisão do Plano Diretor. Sinal de que as mágoas ficaram no passado. 

Segunda votação

Ao contrário da primeira sessão, que foi marcada por leituras e pronunciamentos intermináveis, a segunda foi rápida, durando pouco minutos. Teria sido ainda mais célere, não fosse a dúvida surgida em torno do sistema de votação solicitado por Nelson Tozo. Assim que Patrick anunciou que passariam à votação, o vereador do PDT informou que iria se abster. Maurício Gouvêa, então, entendeu que estava sendo solicitada votação nominal, em vez do clássico método “contrários em pé, favoráveis permaneçam como estão”. Tozo explicou que não fazia questão de votação nominal e que pretendia apenas se abster. Maurício insistiu no voto nominal, que acabou sendo acatado. No total, as duas sessões tiveram mais de três horas de duração. 

Ministério Público

A propósito, o promotor Yves Atahualpa Pinto ainda fez uma última tentativa de suspender a sessão de ontem, mas a manobra não teve efeito. Os textos aprovados ontem seguem para sanção de Padre Osvaldo, que deverá endossar uma a uma, já que são de seu interesse. 

Ainda não é o fim

Engana-se quem pensa que tudo se encerrou na tarde de ontem. Há interesses gigantescos digladiando-se nesse debate em torno do Plano Diretor e do perímetro urbano. Outras tentativas de revisão do Plano Diretor chegaram a ser aprovadas em algum momento no passado, mas acabaram sendo derrubadas pela Justiça, por conta de questionamentos feitos posteriormente. O promotor e as entidades que contestam a revisão não desistirão tão cedo dessa briga. 

Por que o tema é relevante?

O leitor talvez estranhe o fato de tratarmos tanto desse assunto do Plano Diretor. Mas é que ele diz respeito ao presente e ao futuro da cidade. De como as pessoas vão morar, trabalhar, locomover-se e acessar serviços básicos em Catanduva. À própria questão ambiental, que é fundamental para a sobrevivência e a saúde humana.