PENEIRA FINA – 06/10/2022
Eleições ainda rendem
Muita gente na região ainda tenta entender o resultado do primeiro turno da eleição, realizado no último domingo. À primeira vista, os números locais podem dar a entender que houve uma onda em favor dos polos que protagonizaram a disputa. Isso explicaria as boas votações obtidas por candidatos a deputado estadual e federal do PL e do PT, em detrimento dos políticos dos demais partidos. Em Catanduva, isso fica muito evidente no desempenho da petista Beth Sahão e mesmo no de João César, que conseguiu ultrapassar a barreira dos 7 mil, ficando em segundo na cidade. Mas a situação pode ser mais complexa do que aparenta.
Proximidade regional
Se apenas a questão partidária contasse, como explicar os 4.848 votos que Marcelo Hercolin (União Brasil) obteve em sua cidade, Santa Adélia, para deputado federal? Isso representa mais de 60% dos votos do município e o triplo do que ele alcançou, por exemplo, em Catanduva, mesmo sendo apoiado por vereadores e pelo governo de Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB).
Sinval
Tudo bem que a votação de Sinval Malheiros (Patriota) também caiu, mas, ainda assim, ele foi disparado o candidato a federal mais votado em Catanduva, com grande diferença em relação à segunda colocada Carla Zambelli (PL). No caso do médico, a queda em sua votação aparenta ser muito mais fruto de um desgaste natural que acaba por acometer todo e qualquer político do que resultado de qualquer questão partidária.
Fernando Galvão
Outro caso que merece ser analisado é o do candidato a estadual Fernando Galvão (União Brasil). Ele obteve 20.750 votos em Bebedouro, cidade na qual foi prefeito. Isso representa nada menos do que 52% dos votos no município e 100 vezes mais votos do que os 199 que ele recebeu em Catanduva, com o apoio de Padre Osvaldo e sua trupe.
O que isso significa?
Todos esses casos citados acima demonstram que, para além da questão partidária, que teve seu peso, contribuiu para a votação do candidato sua proximidade com o eleitorado. Aparentemente, a população se ressentiu do comportamento de figuras como Joice Hasselmann e Janaína Paschoal, que angariaram milhões de votos em cidades do interior, para nunca mais darem o ar de sua graça - muito menos destinar recursos. Neste ano, pelo visto, resolveram apostar em figuras que já conhecem de perto – e não apenas pela foto ou por vídeo na Internet.
Cacciari
Beto Cacciari (PL), citado na coluna de ontem, é um caso que confirma esse exemplo. Em termos absolutos, seu melhor desempenho foi em Catanduva, onde ultrapassou a barreira dos 5 mil votos. Isso é natural, já que sua família reside aqui e participa da política há vários anos. Proporcionalmente, o melhor resultado do médico foi em Urupês, com 45% dos votos, justamente uma cidade onde ele desenvolve sua atividade profissional. Entre votar em um desconhecido e em alguém que os atende no serviço de saúde, os eleitores de Urupês não tiveram dúvida.
Quociente
Voltando a falar em Sinval, para além da queda vertiginosa em sua votação, o candidato adotou uma estratégia política para lá de equivocada, ao escolher a legenda pela qual se lançou na disputa por uma vaga no Congresso. Em meados deste ano, o meio político já dava como certo que o Patriota não elegeria deputado federal algum. Por ter uma bancada pequena, o partido também não contava com muitos recursos para distribuir. Guardadas as devidas proporções, a escolha equivale a um jogador de futebol retornando da Europa e escolhendo o Fortaleza para seu projeto de ganhar a Libertadores. O Patriota não elegeu ninguém em SP e viu sua bancada federal cair de cinco para quatro deputados.
Zupirolli
Um fato que merece registro. Em várias ocasiões, citamos aqui que Ricardo Zupirolli não recebeu recursos do PMB e não fez propaganda de rua em sua campanha. Não significa que não tenha pedido votos. Adotando a estratégia de pedir votos a familiares, amigos e pacientes, o médico alcançou 2.362 votos em Catanduva, tendo sido o quarto candidato a estadual mais bem votado na cidade.
Autor