PENEIRA FINA – 04.12.22
Padre Osvaldo ressuscita PL da “Festa da Uva”
Dias atrás, o jornal O Regional noticiou a respeito de um projeto de lei de autoria do prefeito Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB) que cria uma verdadeira “Festa da Uva” para os cargos de confiança do alto escalão de seu governo, que passarão a usufruir de uma série de benesses financeiras. Essa proposta havia sido protocolada na semana passada e foi retirada antes mesmo de ir a plenário. Agora, ela volta a ser apresentada, como vocês podem conferir na matéria publicada em nossa edição de hoje.
Verniz de legalidade
Pagar esse tipo de benesses aos detentores de cargos de confiança de alto escalão, numa época em que os cidadãos comuns (a turma que paga a conta dessa farra) estão vendendo o almoço para comprar a janta, certamente acarretaria em uma série de questionamentos. Então, o prefeito deu um jeito de incluir na justificativa da proposta um parecer do Judiciário, que aponta para a legalidade dessa iniciativa. É o famoso verniz, que deixa as coisas dentro dos conformes legais.
Nem tudo que é legal é moral
Vivemos em uma sociedade regida por leis. Então, pode parecer cômodo se escorar apenas na letra fria da lei, como se isso bastasse. “Se pode, vou fazer e pronto”. Só que, em um mundo complexo e repleto de necessidades, as coisas nem sempre funcionam assim. Já dizia Paulo de Tarso: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm”. O que o apóstolo quer dizer é que nossas escolhas têm consequência. Instituir benesses financeiras para uma dúzia de pessoas, usando dinheiro público, ajuda a reforçar nas pessoas a ideia de que políticos só pensam no próprio umbigo. No fim das contas, é assim que as instituições democráticas se desmoralizam.
Acreditem se quiser
E pensar que houve gente, no meio político, defendendo a tese de que Padre Osvaldo teria retirado de tramitação o projeto das benesses porque não sabia do conteúdo. Pelo visto, agora ele sabe e concorda com os termos apresentados.
Bom princípio de ano
O chamado bom princípio de ano, que Padre Osvaldo prometeu pagar novamente aos servidores municipais, é objeto de outro projeto de lei enviado pelo prefeito à Câmara Municipal. O benefício foi batizado de auxílio-alimentação extraordinário e será pago no início de janeiro. A tendência é que a proposta seja aprovada de maneira unânime, assim como todas as demais que tratam de servidores. Por outro lado, não sabemos se as benesses para os cargos de confiança, previstas no outro projeto, irão passar. Mas tudo indica que sim, também.
Processo seletivo do Imes
O Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva (Imes Catanduva) abriu inscrições para o processo seletivo que visa à contratação temporária de docentes para o ano letivo de 2023, nas áreas de ciências contábeis, psicologia, fisioterapia e odontologia. O valor das inscrições é de R$ 200 e elas poderão ser feitas a partir de amanhã (5), até o dia 13.
Nada de Internet
Como de praxe, o Imes Catanduva não utiliza Internet para acolher inscrições em seus processos seletivos. O único método aceito é o presencial. Quem quiser participar, terá de ir pessoalmente ao campus, das 14h às 18h, nas datas previstas. Exceto, é claro, em dias de jogos do Brasil (caso de amanhã, por exemplo), quando o atendimento aos possíveis candidatos será das 8h às 13h. Vale lembrar que, em algumas das seleções mais recentes feitas pela autarquia de ensino, apenas um candidato se apresentou para a vaga existente.
Comparação
O valor da hora-aula paga pelo Imes Catanduva a um professor com título de doutorado será de R$ 43. Enquanto isso, o auxílio-refeição proposto por Padre Osvaldo no projeto que beneficia os secretários é de R$ 70. E, antes que alguém fazer piruetas retóricas para defender a situação, deixamos claro que sabemos bem que os dois entes trabalham com orçamentos distintos. No fim das contas, porém, quem paga a conta, recebe os serviços e arca com as consequências disso tudo é a população.
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