PENEIRA FINA – 04.11.22

Mobilização forte no feriado

O feriado de Finados, celebrado anteontem, não desmobilizou os eleitores de Jair Bolsonaro, que aproveitaram o diga de descanso para ir às ruas contestar o resultado da eleição do último domingo. Em Catanduva, centenas de pessoas se reuniram diante do Tiro de Guerra, no Higienópolis.

Bloqueios

No feriado, os bloqueios permaneceram fortes em diversas rodovias brasileiras. Aliás, Bolsonaro resolveu gravar um vídeo, divulgado em suas redes sociais, em que agradeceu a seus eleitores, mas clamou para que evitassem métodos como o fechamento de vias, uma vez que essas práticas atentariam contra o direito de ir e vir das demais pessoas. Por outro lado, ele lembrou que as demais manifestações, quando realizadas de forma pacífica, são parte da ordem democrática.

Mirassol

E por falar em bloqueio de rodovia, nossa região voltou a ser destaque no noticiário nacional, por conta de um motorista que tentou furar uma barreira na Washington Luís, em Mirassol. O motorista de um automóvel Fox atravessou o bloqueio, atropelando de uma vez dezenas de manifestantes, incluindo crianças. Segundo as informações mais recentes divulgadas pela imprensa, 17 pessoas foram atingidas pelo veículo. O homem teve o carro tombado pelos manifestantes. Não fosse pela ação da polícia, ele e a passageira do veículo teriam sido linchados.

Dia seguinte

Ontem, a adesão às mobilizações apresentou uma redução significativa. Na Washington Luís, por exemplo, era possível observar alguns manifestantes ao lado da pista, trajando verde e amarelo e ostentando bandeiras do Brasil. Mas eles não arriscaram nenhuma tentativa de paralisar o trânsito ou bloquear a pista.

Fecha tudo

À tarde, foi realizado em Catanduva um ato denominado “Fecha Tudo”. Empresários e comerciantes foram conclamados a fechar seus estabelecimentos às 15h, para se dirigirem até o Tiro de Guerra, para mais uma manifestação. O evento contou com carro de som e faixas pedindo “Intervenção Militar”. Desta vez, porém, o público registrado foi menor, em relação ao visto no feriado.

Abaixo-assinado

Os organizadores da manifestação que questiona o resultado da eleição aproveitaram para fazer circular um abaixo-assinado, endereçado ao Comando das Forças Armadas, conclamando-a a realizar intervenção no processo eleitoral brasileiro. É difícil saber, porém, até que ponto um documento desses fará eco nas altas esferas do poder.

Impossível não é, mas...

A história republicana do Brasil é marcada pelo protagonismo das Forças Armadas, o Exército, em especial, no processo político. A Proclamação da República, aliás, é resultado de um golpe militar. Nossos dois primeiros presidentes foram marechais. Depois disso, em diversas ocasiões no decorrer da história, ocorreram tentativas de intervenção militar na política. Algumas foram bem-sucedidas, outras não.

Fator externo

Para que uma intervenção militar (ou golpe, seja como for) prospere, alguns fatores são fundamentais. O principal deles é o clima internacional. É necessário que haja respaldo internacional para a implantação de um regime dessa natureza. A última vez em que isto ocorreu no Brasil, em 1964, estávamos no auge da Guerra Fria. Na época, os Estados Unidos apoiaram (inclusive com treinamento e recursos materiais) diversos movimentos militares que derrubaram governos com tendências de esquerda na América Latina. Isto ocorreu porque havia uma possibilidade real de essas nações se alinharem à União Soviética, que deixou de existir em 1991. Desde então, não se vê mais apoio internacional das grandes potências do Ocidente a governos militares. É fato que muita coisa pode acontecer no Brasil, nos próximos meses. Mas o ambiente externo não é favorável a uma intervenção.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.