PENEIRA FINA – 04.02.23

Marco Vinholi tenta manter seu último reduto de poder

Nos últimos dias, quem acompanha as redes sociais do ex-deputado estadual Marco Vinholi (PSDB) já deve ter notado que ele intensificou as postagens relativas à disputa interna pelo comando de seu partido. Ela se inicia com as convenções municipais, que serão realizadas neste mês, e são parte fundamental para a eleição estadual da legenda. Atualmente, a presidência do diretório paulista está sob o comando de Vinholi, que chegou a esse cargo por influência do ex-governador João Doria. Manter esse cargo é parte vital para qualquer plano que o filho do ex-prefeito Geraldo Vinholi tenha para seu futuro, pois, atualmente, representa seu último reduto de poder.

Zonais

Como não poderia deixar de ser, a disputa interna do PSDB é complexa e começa com as convenções municipais. Estas, por sua vez, são divididas em duas partes. Hoje, serão escolhidos os dirigentes das zonais, que vêm a ser subdivisões do diretório de São Paulo, correspondendo a grandes regiões da capital, onde residem centenas de milhares de eleitores.

Cidades menores

No sábado seguinte (11), será a vez das convenções para escolha dos diretórios em municípios com até 500 mil eleitores. Ficarão de fora dessa disputa as seguintes cidades: São Paulo (capital), Campinas, Guarulhos, Santo André, São Bernardo do Campo, Sorocaba, São José dos Campos e Osasco. Com pouco mais de 90 mil eleitores, Catanduva enquadra-se no grupo dos municípios onde os tucanos irão às urnas na semana que vem.

Presidente atual

Para que não se recorda, atualmente o Diretório Municipal do PSDB é presidido pelo ex-prefeito Geraldo Vinholi. Pela conjuntura que se desenha atualmente, as chances de seu grupo ser derrubado do comando da legenda são praticamente nulas.

Quem quer?

Um dos motivos para o grupo de Vinholi não sofrer qualquer ameaça na convenção do próximo dia 11, em Catanduva, é que, nos dias atuais, comandar a legenda tornou-se um negócio pouco atrativo para quem está na política. O partido sofre com o desgaste da gestão Doria e a perda do comando do governo estadual. Sem canais de interlocução nas esferas estadual e federal, o PSDB acaba perdendo seu atrativo para as lideranças no Interior.

Nem sempre foi assim

A política de Catanduva nunca foi muito ligada a partidos. E prova disso é o fato de que a maioria das legendas aqui existentes sempre funcionou na base de comissões provisórias nomeadas por caciques de Brasília ou São Paulo, que nunca pisaram na cidade. O PSDB, ao lado do PT, representava uma exceção, na medida em que contava com diretório próprio e eleito pelos filiados locais. Podemos até questionar e criticar essas eleições internas, suas regras e eventuais ingerências que sempre surgem no meio das disputas. O fato, porém, é que as eleições internas dos tucanos (assim como a dos petistas) já renderam muita notícia em Catanduva, por conta da luta fratricida que volta e meia se desenrolava entre seus filiados. Coincidentemente, quando a família Vinholi tomou o poder da legenda na cidade, a disputa interna acabou e as convenções passaram a servir apenas para sacramentar situações que já estavam mais do que definidas nos bastidores.

Estado

Se comandar o PSDB de Catanduva deixou de ser uma situação politicamente vantajosa (ainda mais agora, quando crescem os rumores da possível debandada do prefeito Padre Osvaldo de Oliveira Rosa), o mesmo não se pode dizer em relação ao diretório estadual. Apesar dos pesares, os tucanos conseguiram eleger uma bancada até que razoável para a Assembleia Legislativa. Nesse cenário, o poder de barganha do PSDB junto ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) poderá crescer exponencialmente, ainda mais se algum deputado tucano conseguir a proeza de ganhar a presidência da Assembleia Legislativa. Por outro lado, ainda que esse cenário dos sonhos se concretize, resta saber se a bancada vai se sujeitar ao comando estadual ou se buscará trilhar um caminho independente...

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.