PENEIRA FINA – 03/07/2022
Associação Pão Nosso
Fundada por Padre Osvaldo de Oliveira Rosa, nos tempos em que ele estava à frente da Paróquia Imaculada Conceição, no Bom Pastor, a Associação Pão Nosso esteve envolvida em polêmica, nos últimos dias. Tudo começou depois que o diretor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Alcides Franco, postou em suas redes vídeo sobre suposto “roubo” – na verdade, furto – da porta da capela do Lar Bom Samaritano, mantido pela instituição. Alcides foi, por muitos anos, coordenador da casa de recuperação, que presta atendimento a dependentes químicos de Catanduva e região.
Não é mais Lar
A postagem desagradou a atual diretoria da entidade, pois daria a entender que o projeto social teria sido abandonado. Na verdade, não existe mais Lar nem capela no local. Pelo que pudemos apurar, a história é bem complexa e será abordada aqui porque diz respeito a pessoas que hoje estão no núcleo do poder político em Catanduva. A propósito: quem visitar hoje o perfil de Alcides não encontrará mais o vídeo, que, provavelmente, foi excluído.
Doação
O Lar Bom Samaritano funcionava em um sítio localizado ao lado do Conjunto Euclides. Essa área foi doada para o projeto social há vários anos. Além da capela e do alojamento dos dependentes acolhidos, o espaço contava com horta e campos de futebol, onde eram realizados os treinos do projeto esportivo da entidade - que, durante um bom tempo, era denominado Escolinha de Futebol Padre Osvaldo.
Área vendida
Antes de deixar o comando da entidade para se candidatar a prefeito, Padre Osvaldo vendeu a área do Lar Bom Samaritano a um investidor do ramo imobiliário. Porém, a Associação continuou a ocupar o espaço, mediante pagamento de aluguel. Neste ano, o valor pago girava em torno de R$ 7,5 mil ao mês.
Imóvel devolvido
Ao assumir a instituição em 2020, a nova diretoria, liderada por Camila Dardani, seguiu pagando o aluguel. De acordo com ela, porém, a associação não tinha mais condições de arcar com essa despesa mensal. A presidente resolveu então procurar o proprietário do imóvel para conversar. Assim, a solução encontrada foi a rescisão amigável do contrato. A entidade deixou a área no último dia 30 de maio.
Causas desconhecidas
Até hoje, não estão claros os motivos que levaram Padre Osvaldo a vender a área do Lar Bom Samaritano, uma vez que o imóvel era próprio e sediava um projeto que era motivo de orgulho do líder religioso. Tanto que durante a campanha de 2020, quando Padre Osvaldo precisou ser internado no Hospital Emílio Carlos para tratamento da Covid-19, seu irmão Padre Ernesto fez questão de gravar um vídeo na capela do Lar, afirmando que ali era um dos locais favoritos do candidato tucano.
Matão
Desde o ano passado, a Associação Pão Nosso tem realizado diversos projetos em Matão, na região de Araraquara, não apenas na área de dependência química como também com crianças e moradores de rua. Em Catanduva, a entidade também segue realizando atividades, voltadas especialmente aos moradores do Bom Pastor e dos bairros vizinhos.
Contraponto
Quem acompanha atentamente a política de Catanduva deve ter notado que o presidente da Câmara Municipal, Gleison Begalli, tem procurado imprimir um ritmo próprio a seu mandato, agindo e posicionando-se de maneira crítica em relação ao governo municipal. Nos meses iniciais de seu mandato, houve quem visse no vereador um apoiador de primeira hora do prefeito Padre Osvaldo e voto certo em toda e qualquer matéria. Com o passar do tempo, no entanto, Gleison passou a ser posicionar com mais firmeza e, em várias questões, acaba sendo o principal contraponto ao Executivo.
ETE
Prova disso é que ele foi o único vereador a vir a público posicionar-se contra a licitação que a Saec pretende fazer para contratar uma empresa que ficaria responsável por remover o lodo da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Esse serviço, se implementado, custará uma fortuna à autarquia de água e esgoto, fato que gerou questionamentos do Ministério Público. Gleison ainda está longe de poder ser considerado um opositor de Padre Osvaldo. Mas é um dos poucos aliados que estão dispostos a dizer não e fazer questionamentos que nem sempre soam bem aos ouvidos de quem está no poder.
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