Quem te viu, quem te vê

A política é como nuvem. Essa frase já foi atribuída a muitos líderes já falecidos e diz respeito à impermanência das coisas na complexa disputa pelo poder. Assim como a nuvem muda de posição e de forma a todo instante no céu, até desaparecer, assim também são as situações e alianças na política. Anteontem, na eleição da presidência da Câmara Federal, essa característica ficou mais que evidente. A vitória avassaladora de Arthur Lira (PP) para permanecer à frente do cargo foi fartamente celebrada por petistas e afins, como se representasse uma derrota para o bolsonarismo.

Quem venceu?

É interessante lembrar, porém, que em 2021 foram os aliados de Jair Bolsonaro (PL) que festejaram a vitória de Lira para a presidência da Câmara. Isto porque ele derrotou Baleia Rossi (MDB), candidato apoiado por Rodrigo Maia, que havia se tornado persona non grata nos círculos próximos ao ex-presidente. Hoje, o triunfo de Lira é equiparado à derrota da extrema-direita. Vale perguntar: quando ele ganhou apoiado por Bolsonaro, que espectro político foi o vencedor?

Busão

Tratando agora de temas mais locais, a resposta enviada pelo governo de Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB) ao jornal O Regional torna ainda mais nebulosa a polêmica envolvendo o transporte escolar no município. O fato é que o governo não realizou licitação para contratar a empresa que vem realizando o serviço - no caso, a Auto Viação Suzano. Em vez disso, aproveitou de uma brecha deixada pelo contrato atualmente em vigor, firmado durante a gestão de Afonso Macchione Neto, para fazer essa “terceirização”.

Compra de passes

O contrato firmado na época de Macchione previa a possibilidade da aquisição de passes de ônibus, no transporte coletivo comum, para alunos da rede pública que utilizassem o serviço no serviço noturno. Neste ano, a prefeitura resolveu usar essa brecha para repassar o transporte dos estudantes, que antes era feito por frota e motoristas próprios, para a Auto Viação Suzano.

CEI

Em conversa com o editor Guilherme Gandini, o vereador Maurício Gouvea (PSDB) cogitou a possibilidade de criação de uma comissão especial de inquérito (CEI), a fim de apurar a questão do transporte escolar.

Problemas

A questão contratual está longe de ser o único problema envolvendo a empresa que assumiu o transporte escolar. Nos últimos dias, têm circulado pela cidade muitas reclamações quanto à condição dos veículos usados nesse serviço. Vale lembrar que crianças estão sendo levadas por esses ônibus. Segurança é uma questão para lá de fundamental.

O foco é TV

Os eleitores mais atentos devem ter notado que, nos últimos dias, Padre Osvaldo tem procurado intensificar suas aparições nas emissoras de TV da região. Essa presença é parte da estratégia de tentar melhorar a avaliação de seu governo, às vésperas do ano eleitoral. Se a ideia surtirá efeitos, só o tempo dirá. Se exposição midiática não fizesse efeito, a Coca-Cola não teria gastado US$ 4,2 bilhões em propaganda, apenas em 2020. Por outro lado, se esse refrigerante não tivesse suas qualidades reais, será que o investimento em propaganda daria tanto retorno? No caso da política, existe uma realidade objetiva que a população sente na pele e que nenhum discurso, por melhor e mais bem elaborado que seja será capaz de camuflar.

Reforma da piscina

Por falar em exposição midiática, Padre Osvaldo compartilhou ontem, em suas redes, imagens da reforma na piscina do Conjunto Esportivo Anuar Pachá. A obra inclui também a construção de banheiros e vestiários no local. A novela da piscina teve início no fim da administração Vinholi, quando ela passou a apresentar rachaduras. No governo Macchione/Marta, a estrutura por fim foi esvaziada. Pelo visto, agora a coisa vai. Quem viver, verá!