Catanduva mais uma vez de fora

Ontem, o governador Rodrigo Garcia esteve em Rio Preto para dar as marretadas iniciais do primeiro barraco removido da Favela Marte. É interessante notar que constantemente o pré-candidato tucano tem feito agendas na região, mas costuma deixar de fora de suas visitas justamente a maior cidade governada por seu partido - Catanduva. Fica a dúvida: será que Rodrigo está 100% tranquilo com os votos que seu aliado Padre Osvaldo vai conseguir para ele ou será que nosso alcaide não anda muito prestigiado internamente no partido? 

Não é questão de TV

Alguns poderiam argumentar que os tucanos estariam priorizando Rio Preto por ser uma cidade maior e que abriga afiliadas de grandes emissoras nacionais de TV, o que poderia render imagens em telejornais de alcance estadual e nacional. Quem explica, então, o megaevento realizado pelo governador em Barretos, há algumas semanas? E o fato de pré-candidatos de outros partidos - alguns que, aliás, estão na frente nas pesquisas - terem vindo a Catanduva, caso de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Fernando Haddad (PT) e Elvis Cezar (PDT)?   

Vamos e venhamos

Desde que Rodrigo assumiu o governo, prefeitos aliados têm se empenhado na pré-campanha do tucano, tanto no mundo físico quanto nas redes sociais. Padre Osvaldo, que tem uma das redes de maior alcance na região, no entanto, quase não compartilha vídeos e materiais de apoio ao governador. Para quem duvida, basta analisar as postagens do mandatário de Catanduva e comparar com as de seus colegas mais próximos. 

Evento global

A remoção da Favela Marte, em Rio Preto, atraiu não apenas o séquito de políticos que costuma pintar nesse tipo de solenidade, mas também o apresentador da Globo e ex-presidenciável Luciano Huck e ninguém menos que o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann. Se isso foi ou não combinado com Rodrigo Garcia, não saberemos tão cedo. Mas a verdade é que o tucano ganhou uma exposição positiva e tanto nas mídias. Ontem, só se falava desse assunto na região. 

De Lula com carinho

Não bastasse a agenda positiva de ontem, Rodrigo Garcia acaba de receber um presentaço do PT de Lula. Nesta semana, o ex-presidente montou uma blitz para tentar convencer Márcio França (PSB) a desistir da candidatura ao executivo estadual e apoiar Haddad já no primeiro turno. A saída do ex-governador do jogo é tudo o que Rodrigo desejava para ganhar força nesta eleição. 

Que souber números, que calcule

Ao longo de sua carreira, França sempre orbitou ao redor do PSDB, especialmente do ex-governador Geraldo Alckmin. As relações que ele construiu nas cidades, portanto, são mais próximas ao tucanato do que do PT. Com a saída dele da disputa ao governo, Rodrigo Garcia terá mais facilidade de arrebanhar apoios. A ida ao segundo turno em São Paulo, que antes parecia distante, passaria a ser uma possibilidade concreta para o PSDB. Vale destacar que toda essa articulação foi feita pelo PT, que afirma ser oposição aos tucanos. Imagina se fosse aliado? 

Manobra estranha

É no mínimo curioso que José Luiz Datena tenha desistido da candidatura ao Senado - na qual era franco favorito - na mesma semana em que o PT se desdobra para convencer França a sair para senador. Logo no dia em que Jair Bolsonaro havia anunciado o apresentador do “Brasil Urgente” como seu candidato no estado. Não faltou quem brincasse que Datena seria o agente de esquerda infiltrado nas fileiras da direita. Em todo caso, a desistência dele beneficia também a “bolsonarista raiz” Janaína Paschoal. 

Ligou ‘dane-se’

Na última sessão da Câmara, Taise Braz (PT) tomou as dores das professoras presentes ao plenário e disparou chumbo grosso na direção de Padre Osvaldo: “Sim, o nosso prefeito é omisso”. A vereadora se referia à suposta falta de diálogo do governo com parlamentares e setores organizados da sociedade civil. Segundo ela, as recentes tentativas de agendar reuniões para tratar de temas relevantes com o chefe do executivo municipal teriam sido respondidas com evasivas. Para Taise, o prefeito teria ligado o “dane-se”.