Pauta antirracista
A relação entre racismo e quilombolas é profunda e histórica. Os quilombolas, descendentes de africanos escravizados, enfrentam discriminação e exclusão social, econômica e política. Essa realidade remonta ao Brasil escravocrata, que estabeleceu uma hierarquia racial, em que os negros eram considerados inferiores. A discriminação foi institucional: leis e políticas públicas historicamente excluíram quilombolas de direitos básicos, como educação, saúde e terra. Como reflexo, enraizou-se na sociedade o preconceito e os estereótipos negativos sobre a cultura africana e quilombola, perpetuados até hoje. Os efeitos do racismo contra quilombolas ficam explícitos na desigualdade econômica que eles enfrentam ao tentar acessar o mercado de trabalho e recursos financeiros. Também há a exclusão educacional, com baixas taxas de escolaridade entre essa população, aliada à saúde precária, violência e assassinatos – os quilombolas são alvos, inclusive, de violência policial e paramilitar. Por vezes, ainda enfrentam ameaças de despejo e grilagem, ainda que a Constituição de 1988 reconheça os direitos quilombolas à terra e cultura. A educação antirracista é uma das ferramentas para quebrar esse ciclo de preconceito, promovendo a conscientização sobre a história e a cultura quilombola, o que eleva a importância da cartilha proposta pelo grupo de extensão “Controle Social dos Gastos Públicos”, do curso de Direito da Unifipa, que traz à luz do debate a pauta antirracista. Além dessa abordagem educacional, também são necessárias políticas públicas inclusivas, programas de desenvolvimento sustentável e igualdade racial, e a reparação dos crimes históricos.
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