“Rir é um ato de resistência.”

Paulo Gustavo

Ator, humorista, diretor, roteirista e apresentador (1978-2021)

Quem não conhece o ator e humorista Paulo Gustavo? Quem não se divertiu no teatro e ainda não se diverte com seus personagens tantas vezes ainda reprisados na TV ou no cinema? Infelizmente, deixou-nos muito cedo, aos 42 anos de idade, vítima de complicações devido a covid-19. Justo ele que tanto temeu, lutou contra o vírus, ajudando inclusive famílias necessitadas com doação de cerca de R$ 1 milhão para ajudar no combate à covid. Deixou sua marca. Mais que isso, deixou um legado que vai beneficiar milhares de artistas brasileiros, de norte a sul, através da lei que carrega seu nome.

A Lei Paulo Gustavo* dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas em decorrência dos efeitos econômicos e sociais da pandemia da covid-19. Ela prevê o repasse de R$ 3,862 bilhões a estados, municípios e ao Distrito Federal para aplicação em ações emergenciais que visem a combater e mitigar os efeitos da pandemia da covid-19 sobre o setor cultural.

Sim, porque o setor cultural ainda padece as consequências da pandemia e do caos instalado no país no último governo federal que não só fechou portas para a classe artística brasileira, como também dificultou a aprovação de leis emergenciais para o setor como a Aldir Blanc e a própria Paulo Gustavo, ambas vetadas pelo ex-presidente da República.

Vale destacar que não é uma “doação” ou “caridade” a nós artistas e sim um direito adquirido que nos cabe, inclusive porque pagamos impostos mesmo quando não estamos na ativa.

Há que ressaltar que muitos “artistas” que abraçaram o extremismo político contra as leis de incentivo cultural e aplaudiram o veto do ex-governante brasileiro, se beneficiaram e já estão desenvolvendo seus projetos para incluírem na Lei Paulo Gustavo. Pois é, vivemos numa democracia e a lei abrange a todos, independentemente de ideologias políticas.

Ponto.

O que interessa agora é pensarmos o que cada um de nós, artistas, Poder Público e sociedade civil, fará com a verba que nos será destinada.

Há muito o que se produzir, tantos temas e possibilidades! E quem ganhará com isso será a própria sociedade com as inúmeras produções que nascerão das mentes criativas dos artistas brasileiros.

Como aconteceu recentemente com o Sistema S – Sesc e Senac – que foi ameaçado com desvio de 5% de sua arrecadação, por interesses outros, o que ocasionaria sérias consequências no setor, há muitos que visam tirar proveito da Lei Paulo Gustavo. É preciso muita atenção porque há verbas para todos os setores, seja a educação, a saúde, a ciência etc. Por que mexer com a da cultura?

É preciso muita responsabilidade e coerência com esse apoio emergencial destinado aos artistas para que se ofereça o melhor ao público, como fez o próprio Paulo Gustavo, que afirmava sabiamente que “o humor salva, transforma, alivia, cura, traz esperança pra vida da gente”. Não é a esperança de novos tempos que nos move? Chegou, então, o momento.

Uma ode aos artistas, aos criadores e aos pensadores que hoje podem dispor de incentivo, que nos foi negado nos últimos anos e que retomarão para o brasileiro aquilo que jamais deveria ser maculado: seu talento, sua criatividade, sua luz, seu potencial!

*Lei Complementar nº 195, de 08 de julho de 2022