Passar adiante (ou Valdir, Agatha e Felipe)

No dia 10 de Agosto, na reunião mensal da ARCOS (Associação e Rede de Cooperação Social), entre tantas coisas lindas que aconteceram, houve dois depoimentos, de um senhor de mais de 70 anos e de uma adolescente de 16, que contaram um pouco das suas histórias pessoais. Ele, Valdir Alves, de criança acolhida pela Legião Mirim, tornou-se um empresário de sucesso da área do transporte. Ela, Agatha, falou sobre como está construindo o seu futuro com o apoio recebido para o seu estudo em um colégio particular de Catanduva.
 
No dia 29 de Agosto foi a vez do Luis Felipe contar a sua história. Mas ao invés de falar, cantou na abertura da palestra de Mario Sergio Cortella, no Clube de Tênis de Catanduva. E, cantando, mostrou a mudança acontecida no seu destino, porque de adolescente acolhido em uma instituição da ARCOS (a Casa Lar dos Adolescentes), tornou-se cantor lírico, formado no Conservatório de Tatuí.
 
Três enredos diferentes, mas a lição é a mesma. Pessoas precisam de pessoas, e se cada um compreender e assumir a sua responsabilidade para com o próximo, as situações de vulnerabilidade podem ser superadas, e então a pessoa vulnerável pode se transformar em um voluntário, passando adiante o apoio que recebeu.
 
O Felipe trouxe a sua voz e o seu canto como contribuição para uma sociedade mais harmoniosa. Valdir tornou-se colaborador de projetos e organizações beneficentes da região de Catanduva. Agatha já assumiu que fará o curso de Direito, porque quer participar da construção de um mundo mais justo para todos.
 
Aconteceu em 1969: o jovem Valdir Alves, ao pedir um lanche de pão com mortadela em estabelecimento na cidade de São Paulo, foi perguntado se não preferia pão com presunto, que seria bem melhor. Ele respondeu que não tinha dinheiro suficiente para esse almoço mais sofisticado. Um senhor que presenciou o fato disse então ao jovem que poderia comer a opção mais cara, porque ele pagaria a diferença. Ao terminar a refeição, ao agradecer pela generosidade, o jovem Valdir ouviu a lição do benfeitor, segundo a qual ele poderia fazer algo semelhante pelo próximo, no futuro.
 
Hoje, em 2022, Valdir Alves tem décadas de apoio a ações sociais, Felipe, com o seu canto, está começando a passar adiante, e a Agatha, embora realize ações voluntárias há anos (e ela tem apenas 16 de idade…), está se preparando para, como jurista, dedicar a sua vida à justiça.  
 
Todos eles foram muito aplaudidos. Que esses aplausos possam significar o nosso reconhecimento pelo mérito desses excelentes exemplos.  E que possamos, todos, passar adiante. 

Autor

Wagner Ramos de Quadros
É presidente da ARCOS e articulista de O Regional.