Para quem reclama muito!

Li algo na internet que me fez refletir bastante. Eu adaptei o texto pois considerei-o muito oportuno. Começa dizendo que para os que acham que o mundo vai acabar, faz de conta que você nasceu no ano de 1900. Aos 14 anos veria o começo da Primeira Guerra Mundial que terminou em 1918 com um saldo de 22 milhões de mortos e feridas políticas e econômicas abertas na Europa. Durante esta guerra, entre 1915 e 1917 aconteceria o genocídio armênio que matou covardemente 1,8 milhões de pessoas civis. Ainda em 1918 sobreviveria a uma pandemia mundial, a gripe espanhola, que matou 50 milhões de pessoas e durou dois anos. Você está vivo e com 20 anos.

Quando você tem 29 anos presencia a maior crise econômica mundial de todos os tempos que começou com o desmoronamento da Bolsa de Nova York, causando inflação, desemprego e fome.

A penicilina não existia ainda. Muitas pessoas, ao contraírem uma pneumonia ou apendicite tinham uma grande probabilidade de morrer. Quando você fizesse 33 anos, os nazistas estariam chegando ao poder aumentando mais ainda as incertezas políticas da Europa e do mundo. Quando você tivesse 39 anos, começaria a Segunda Guerra Mundial que terminaria quando você tivesse 45 anos com um saldo de 60 milhões de mortos. No Holocausto morreram seis milhões de judeus.

Quando você tem 52 anos começa a guerra da Coreia. Mais 1,2 milhões de mortos. Por esta época, a guerra fria foi se intensificando. As pessoas tinham medo que uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética acabasse com o mundo. Não se sabe ao certo quantos morreram por conta das questões políticas internas envolvendo Stalin na União Soviética e Mao Tse Tung na China.

Quando você tivesse 64 anos começaria a guerra do Vietnã que terminaria oficialmente apenas em 1975. Mais dois milhões de mortos. Devastação do sudoeste asiático pois logo a seguir, de 1975 a 1979, o ditador Pol Pot matou 1,7 milhões de pessoas no Camboja. Um pouco antes, em 1971, a guerra da independência do Bangladesh gerou um saldo de dois milhões de mortos entre muçulmanos, sikhs e hindus.

Eu poderia falar de outras tragédias. Mas não continuarei a fazê-lo. Dou um salto de onde parei para a pandemia em que estamos vivendo. Cada vez que vejo alguém reclamar penso nas vezes em que as pessoas não tiveram escolhas. Cada vez que eu ouço alguém renegar a ciência, eu fico triste. As fake news envolvendo pseudociência voltaram com força total. Tenho notado que esta praga voltou com tudo!

A humanidade já sobreviveu a muitas doenças, epidemias, secas e guerras. Fora os acidentes naturais. Não acredito que será desta vez que sucumbiremos. As informações são fartas. Os cuidados necessários para que não se agrave a pandemia e prevenir as mortes são por demais conhecidos. Sejamos mais cuidadosos!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.