Padre Albino e seus acidentes

É inegável a importância que Padre Albino teve em Catanduva e em várias cidades da região, feitos esses muitas vezes registrados por essa coluna e em vários outros artigos.

Porém, hoje, quero contar sobre certos momentos desagradáveis da vida desse nobre sacerdote, que, em algumas vezes, chegou a enfrentar perigo de morte. Vários foram os acidentes em que se envolveu, mas acabou saindo ileso de todos, apenas com alguns ossos quebrados em alguns casos.

Acidente com avião no Paraná, em 1953

O Sr. Ricardo Lunardelli sempre foi uma grande colaborador de nosso município. Logo que chegou em Catanduva foi grande parceiro de nosso saudoso Padre Albino em muitas de suas realizações e caridade.

No final da década de 1940, não querendo mais ficar no município de Catanduva, vendeu todas as suas propriedades por aqui e adquiriu terras no estado do Paraná.

Mesmo não estando mais em Catanduva, o Sr. Lunardelli não queria cortar os laços que sempre existiu entre ele e Padre Albino e nem das boas obras que realizavam juntos. Dessa maneira, fez a doação ao referido padre, que não aceitou em seu nome, mas sim em nome da Associação Beneficente de Catanduva, uma área de 100 alqueires de terras que se transformou em uma fazenda de café, a Fazenda Promissão.

E numa das viagens que o Padre fez ao Estado do Paraná, este passou por um grande sufoco:

“Na primeira safra de café produzido na Fazenda Promissão, fui, a 21 de setembro de 1953, ao Paraná, de avião com um bom amigo, para vendê-la. Perto de Porecatu, o avião caiu e espatifou-se, mas a tripulação nada sofreu”. (Discurso ao Sr. Bispo Auxiliar José Joaquim Gonçalves, em 14 de abril de 1958).

Vale destacar que nenhum jornal local publicou o acontecido na época.

Desastre com o Avião Real

No ano de 1956, os jornais A Cidade e O Bandeirante deram destaque a um grande acidente com um avião de transporte de passageiros e cargas, que naquela época fazia escala em nossa cidade.

De acordo com o jornal A Cidade, do dia 27 de julho de 1956, este trazia a seguinte notícia: “Na manhã de ontem (26/07), quando decolava do Aeroporto Local rumo a São Paulo o avião de carreira da Real que aqui pernoita, caiu sobre um cafezal, na Fazenda Santa Clara, a uma distância de cerca de uns cinquenta metros da pista. Felizmente, não houve vítimas pessoais entre os ocupantes do avião – 11 passageiros e 04 tripulantes. Apenas o co-piloto sofreu ligeiro ferimento numa das mãos.”

Como os passageiros eram possivelmente de Catanduva, a notícia do desastre correu de forma acelerada, causando inquietação na cidade.

Porém, passados alguns dias, não falaram mais nada sobre o caso e nenhuma lista dos passageiros foi publicada.

Somente no ano de 1958, é que se ficou sabendo, pelo próprio Padre Albino, que ele mesmo estava entre os 11 passageiros daquele desastre. “Em agosto de 1956 (falha de memória na data) ia a São Paulo de avião da Real, para receber do governo Estadual dinheiro para o nosso hospital. O avião, pouco depois de levantar voo, caiu, danificou-se muito, mas também nenhum dos tripulantes foi molestado”, afirmou Padre Albino.

A queda do alto do barranco

Já com seus 76 anos de idade, no ano de 1958, Padre Albino sofreu outro incidente, agora de proporções menores: saindo a pé, em busca de donativos, não conhecendo muito bem o caminho, acabou tropeçando e caiu de um barranco alto e acabou quebrando a perna direita.

De início internado no hospital que leva seu nome, dias mais tarde foi transportado para a cidade São Paulo, para ficar sob cuidados de um especialista, ficando hospitalizado na Beneficência Portuguesa naquela cidade, passando por uma cirurgia.

O acidente de jipe

Outro acidente veio acontecer na vida de Padre Albino quando este estava em busca de donativos para as suas obras, ocorrendo na cidade de Urupês, com um jipe carregado de sacos de mantimentos, galinhas e até um leitãozinho.

O motorista do jipe era o Sr. Armínio Venturini, que relatou: “Depois de passarmos em vários locais recolhendo os mantimentos, voltávamos para Catanduva quando, numa curva, bem próximo a uma ponte, por um motivo pelo qual não me lembro, perdi a direção e o jipe acabou ‘pendurado’, preso a simples toco de árvore. Se tivesse caído ‘de bico’ no rio, as consequências poderiam ter sido funestas. Com dificuldade, tanto eu quanto Padre Albino saímos do jipe, ilesos, com o sacerdote preocupado em recuperar o maior número possível de alimentos que havia recebido, muitos caídos na água. Só mais tarde, com a ajuda de outro veículo, é que o jipe pôde ser retirado”.

Atropelamento e última queda

Para finalizar, um atropelamento e mais um queda marcaram a vida de nosso tão querido padre.

O atropelamento se deu no dia 04 de junho de 1969, quando, à noite, um carro apanhou monsenhor Albino na rua Maranhão, em frente ao prédio da atual Fatec, que acabou batendo fortemente a cabeça no chão, sendo imediatamente socorrido, tendo depois, passado por demorados exames.

Sua última queda se deu nos fins de agosto de 1973, em seu próprio quarto, fraturando o colo do fêmur da perna esquerda. Acudindo Monsenhor Albino, Irmã Amália ouviu-o dizer: “Agora é o fim”.

Foi operado carinhosamente pelo médico ortopedista Dr. José Ramiro Madeira.

Nos vintes e poucos dias em que ainda viveu, não perdeu a lucidez, recebendo muitas visitas, conversando com as pessoas, interessando-se pelos acontecimentos e pedindo providências para certos problemas.

Padre Albino faleceu no dia 19 de setembro de 1973.

Fonte de Pesquisa:

- Boletim Só 10, de dezembro de 2007, de autoria de Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

Fotos:

O avião da Real caiu na Fazenda santa Clara, no ano de 1956, bem próximo a pista, por consequência de uma pane no motor

O avião da Real continha 11 passageiros, além de 04 tripulantes. Dentre os passageiros, estava a figura de Pe. Albino, que só se ficou sabendo de sua presença no avião dois anos mais tarde

Padre Albino buscava doações para as suas obras em várias cidades de nossa região e com qualquer classe de pessoas. Várias são as telas que ilustram essas atividades, contidas no Centro Cultural e Histórico Padre Albino. (Tela 14, autoria de Eliana Zancaner Castilho; Tela 15, de Edwil Valzacchi Júnior; Tela 16, de Francisco Marcos Valzacchi; Tela 17, de Celso Baio

Em seu último tombo, Padre Albino quebrou o colo do fêmur da perna esquerda, sendo operado pelo Dr. José Ramiro Madeira

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.