Ouvir a voz da experiência

O otimismo de certas pessoas me encanta. Gosto de ouvi-las, assisti-las, admirá-las. Um desses casos é o apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, d’A Praça é Nossa, do SBT. Toda vez que vejo uma entrevista dele, em um programa qualquer, penso: escreverei um texto sobre ele. Finalmente, aqui está.

Humorista consagrado, Carlos Alberto é filho de Manuel de Nóbrega, idealizador do formato da Praça da Alegria. Iniciou a carreira em 1954, produzindo quadros para o programa de seu pai na Rádio Nacional. Depois, passou a escrever para a tevê – foi roteirista de programas do Golias, Jô Soares e Trapalhões.

Em entrevista feita anos atrás ao programa The Noite, de Danilo Gentilli, Carlos Alberto de Nóbrega relembrou sua trajetória e falou sobre A Praça é Nossa, sucesso de décadas na mesma emissora. Ele ainda deu uma lição de vida com frases marcantes – que encaixariam perfeitamente em qualquer livro de autoajuda.

Um dos pensamentos mais interessantes, pinçados por mim, é de que “tudo que é bom tem espaço”. Isso vale para a mídia, mas também para nossa vida – nos aspectos pessoal e profissional. Quem é bom no que faz não perde espaço, não fica de fora. Quem é bom para o outro, será valorizado.

Tido como uma pessoa simples, que admira o respeito ao próximo, Carlos Alberto também afirmou que “quanto mais gente boa em nossa volta, melhor”. Isso vale para quem teme por sua vaga ao contratar profissionais capacitados para sua equipe. Ao contrário, ao atingir metas, todos saem ganhando.

A regra também pode ser aplicada ao dia a dia, aos nossos relacionamentos e meio de convívio. Não seria demais levar em conta que coisas boas atraem coisas boas e vice-versa.

Sem avaliar valores, méritos, deméritos e caráter, já que não o conheço pessoalmente, empolgo-me com a visão de mundo do experiente humorista. Contrário a cirurgias estéticas, ele garante que “cada ruga é uma história de vida”. E não é?

Também são deles as frases de que “com um sorriso, você abre portas”, relacionado à gentileza, à boa conversa e, quiçá, à criatividade e bons relacionamentos que a pessoa mantiver, e que “na hora do perigo é que se conhece o homem” – quem arrisca dizer o que o ser humano é capaz para livrar sua pele?

Mas o pensamento mais sólido exposto por Carlos Alberto de Nóbrega, com sabedoria e experiência, é o de que “o que a gente tem na mente, ninguém tira”. Ele se refere aos valores, aprendizados, convicções e crenças que nos fazem ser o que somos. E fez tal afirmação acompanhada por um gesto firme, apontando para sua própria cabeça. “O que a gente tem aqui”, mostrou. “Isso, ninguém tira”. Que sirva como exemplo.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.