Os psicopatas estão entre nós

Todos nós em algum momento da vida sem que soubéssemos nos esbarramos com um indivíduo psicopata ou sociopata. Às vezes ficamos na dúvida em identifica-los por muitas vezes considerarmos que eles estão bem longe da nossa convivência. Na verdade, eles estão bem perto de nós, e ter a sua convivência pode se tornar um assombro.

Psicopatas são indivíduos perversos que desrespeitam as leis e os costumes sociais e que não consideram os direitos dos outros, a dor dos outros. São isentos de remorso ou culpa e em alguns casos tem tendência para um comportamento violento. São arrogantes e se consideram superiores. Desprezam o mundo e os outros com facilidade assim como odeiam quando alguém os derrota ou descobre sua mentira ou comportamento. Quando são descobertos, bloqueiam, maltratam, desrespeitam, ignoram. Frequentemente usam sua própria grandiosidade e ego contra os outros: é um vaidoso à procura de reconhecimento.

São pessoas que normalmente contam meias verdades e são extremamente manipuladores. Agem permanentemente sem ausência de culpa ou vergonha, sem manifestação de sentimento em relação aos danos causado às pessoas: simplesmente agem conforme sua “moral” e contam suas “verdades” sem considerar o mal que sua mentira causa ao outro.

A psicopatia está ligada a questões inatas, genéticas, enquanto a sociopatia a questões sociais e ambientais e ninguém é diagnosticado como psicopata ou sociopata: os diagnósticos costumam ser de algum transtorno de personalidade.

Uma questão importante para que possamos conceituar as diferenças é relativo ao comportamento. O psicopata é teatral e possui a dissimulação como comportamento central, já os sociopatas criam conflitos aos outros por suas ações, o que os faz deixarem mais pistas quando associados a impulsividade. Geralmente têm grandes laços familiares, e possuem dificuldade de permanência em ambiente com regras: são lisos e impulsivos. Rompem relacionamentos não necessariamente porque não sentem mais amor, mas por causa do desejo de poder: não lidam bem com o crescimento do outro, precisando estar sempre no topo. São incapazes de ter empatia pelos outros e não entendem que as pessoas têm sentimentos, e que são afetados por suas ações: somente se animam quando são o centro das atenções. Normalmente agem sem culpa e gostam de machucar as pessoas com suas ações e quando confrontados agem sorrateiramente. Têm dificuldades de aceitar que o outro possa pensar diferente e não respeitam a dor dos outros: traem com facilidade exatamente por não sentirem culpa assim como tomam ações para machucar a dor do outro sem o menor respeito.

Ambos são capazes de prejudicar os outros na surdina, mas em público tratam bem e mudam completamente de atitude e agem como se nada tivessem feito e como se não soubessem que a atitude deles era um mal: são falsos.

Existem níveis de gravidade nos transtornos sociopatas e psicopatas, além do psicopata ser um sociopata cuja expressão da doença é mais grave.

Trata-se de um transtorno de personalidade e a ausência de remorso os faz persistir no mesmo comportamento exatamente por não se arrependerem e nem se responsabilizarem por suas atitudes.

Exemplos de sociopatas podem ser: políticos corruptos, charlatões religiosos, enfim, pessoas que exploram os outros em golpes e mentiras para produzir benefícios para si. Normalmente têm ascendência em grupos o que facilita se comportarem desta maneira.

Uma dúvida que as pessoas podem vir a ter é se todo psicopata é um “serial killer”. Embora os romances e filmes tragam com certa frequência exemplos de psicopatas que se tornam assassinos em série, isto não é uma regra. A prevalência do Transtorno de Personalidade Antissocial na população é de 3%, sendo que a minoria pode ser classificada como psicopata, e dentro dessa minoria, apenas uma pequena parcela se torna assassina.

Compreender estes quadros antissociais podem servir de conhecimento e recurso para pessoas que lidam com grupos e dos que acessam os dispositivos de saúde mental.

Eles estão por aí, e cada vez mais é necessário identifica-los e saber as diferenças entre eles.

Em tempo, este texto foi escrito ao som da música “Concerto for 2 Mandolins” Vivaldi.

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br