Os grandes desfiles de Sete de Setembro

Hoje, dia 7 de setembro, o país inteiro comemora mais um aniversário da Independência do Brasil.

Foi no ano de 1822 que uma série de acontecimentos levou o até então príncipe regente a proclamar a Independência do Brasil, sendo aclamado como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, com o título de dom Pedro I.

Deixando a história da independência em si um pouco de lado, o que vamos destacar hoje aqui são as comemorações cívicas que se faziam em épocas passadas.

Essas grandes comemorações passadas, que até aqui em Catanduva eram dignas de elogios pela grandiosidade que ostentava, estavam muito ligadas às ideias da época, já que o ápice dos desfiles e eventos relacionados à Pátria aconteceram dentro do período que conhecemos como Regime Militar.

As comemorações

Todos os feriados nacionais eram comemorados com grande pompa, trabalho e apresentação das mais diversas atividades aqui em Catanduva, tanto na unidade escolar como em desfiles nas principais vias da cidade.

Ruas como a Brasil, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e posteriormente a Avenida José Nelson Machado, abrigavam uma grande quantidade de pessoas, ora que desfilavam, ora que iam para assistir as apresentações, ganhando, na maioria dos casos, bandeirinhas do Brasil para alegrar ainda mais os desfiles das escolas.

Para se ter uma ideia de como eram as comemorações no passado aqui na cidade, a Revista Feiticeira de dezembro de 1970, trouxe uma matéria intitulada “Civismo contagiante e emoção no Sete de Setembro”, no qual transcrevo alguns trechos: “Neste ano, as comemorações foram realizadas dentro de um espírito cívico e patriótico tão grande que até os moradores mais antigos se entusiasmaram e alguns até choraram, ao rever, desfilando pelas ruas da cidade, fatos de nossa história dos quais eles tomaram parte (...) Cada entidade participante das festividades que assinalaram o “Dia da Pátria”, se esmerou ao máximo, tentando demonstrar através das alegorias, não só a importância do ato corajoso e resoluto de D. Pedro I às margens do Ipiranga, mas todo um significado às palavras Civismo e Patriotismo”.

Além disso, alguns professores antigos de nossa cidade nos contaram que várias eram as atividades realizadas nas datas cívicas, como declamação de poesias relacionadas às datas, pinturas dos “grandes personagens” da História, confecção de chapéus militares para brincarem com a comemoração, apresentação de peças de teatro com encenações dos eventos, entre outros.

A questão do civismo era muito bem trabalhada dentro da escola naquela época.

Controvérsia

As opiniões de pesquisadores e professores se divergem no que diz respeito às comemorações e à própria questão do civismo.

A maioria dos professores antigos defende que o sistema passado para os alunos fazia com que estes conhecessem mais a História do Brasil, bem como os personagens que ajudaram a construir essa história. O patriótico tinha mais valor, era mais comemorado.

Já a segunda corrente defende a ideia de que durante o regime, os ensinos cívicos transmitidos para os alunos eram um ensino sem questionamento, sem problematização. O aluno apenas aprendia a cantar o hino nacional, a comemorar o Sete de Setembro e a falar sobre dom Pedro I sem saber o que isso realmente significava. Era um ensino alienado, onde os alunos apenas decoravam as datas, os nomes dos personagens e os eventos, sem criar um significado real para ele. E para o governo isso era interessante, porque quanto menos as pessoas questionassem e se tornassem críticas, mais liberdade ele teria para governar do jeito que achasse melhor.

Mais do que uma data histórica, o 7 de Setembro é um convite à reflexão sobre o valor da liberdade e à importância de fortalecer, dia após dia, o sentimento de pertencimento e responsabilidade com o Brasil.

Fonte de Pesquisa

 - Revista Feiticeira, de dezembro de 1970.

 - Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

 

Foto: Desfile do Tiro de Guerra Nº 16 de Catanduva no dia 7 de setembro de 1963 na rua Rio de Janeiro

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.