Os Correios em Catanduva (II)

 

Dando continuidade a matéria da Agência dos Correios em Catanduva, iniciada semana passada, era possível perceber que a falta de um prédio próprio era um dos problemas enfrentados pela agência, pois, de tempos em tempos, a agência era transferida para outro local.

Em 1945, foi relatado pelo Sr. José Ferraz de Campos, funcionário da agência local, que já estava resolvida pelo Diretor Geral dos Correios e Telégrafos, uma política de construção, o mais rápido possível, de prédios especiais para todas as agências do interior, e que o nome de Catanduva já figurava entre as primeiras cidades a receber o benefício.

Tomando posse em 1º de janeiro de 1948, como o 1º prefeito eleito por voto direto, o Sr. Antônio Stocco, logo no início de seu governo, empreendeu viagem ao Rio de Janeiro, então capital do país, buscando soluções para diversos assuntos administrativos. “(...) da viagem que o prefeito de Catanduva empreendeu à Capital da República, houve tempo bem aproveitado: s.s. tratou da construção, nesta cidade, do prédio próprio para o Correio e Telégrafo, ficando assim em andamento esse importante melhoramento que em breve se transformará em realidade” (Revista “O Século”, de 29 de fevereiro de 1948).

O prédio começou a ser construído na gestão do prefeito Sr. Antonio Stocco, mas só foi finalizado, em 1954, já na gestão do Dr. Ítalo Záccaro, sendo inaugurado em 19 de dezembro de 1953, em um amplo prédio localizado na esquina das ruas Paraíba e Pará.

O prédio, de dois pavimentos, era amplo, oferecendo não só comodidade ao público, mas como, particularmente, aos funcionários, os quais passaram a dispor de espaço suficiente para execução dos serviços de repartição. Aliás, não só a parte privativa dos funcionários era ampla: também a dependência destinada ao público era suficientemente grande, quer nos lados dos guichês, quer na parte das caixas postais, cujo número foi elevada para quinhentas.

O serviço de Telégrafos, tão desejado pelos catanduvenses, só chegou à cidade em 31 de dezembro de 1965, sendo festivamente inaugurado na Agência dos Correios. Valeu o trabalho e empenho do agente local Sr. Paulo Coimbra Pato, Sr. Prefeito Municipal Sr. José Antonio Borelli, do Sr. Delcides Montes e companheiros da ACIA, pois a partir de então, toda a população catanduvense passou a beneficiar-se de mais essa facilidade oferecida pelo sistema de comunicações naquela época.

Enchentes

Um dos problemas enfrentados pelo prédio dos Correios foram as enchentes que assolavam de tempos em tempos o local, já que estava localizado na esquina das ruas Pará e Paraíba.

No início dos anos de 1970, na gestão do prefeito Pedro Nechar, foi doado um terreno,  aprovado pela Câmara Municipal de Catanduva e transformada na Lei Nº 1.410, de 20 de fevereiro de 1974, para a construção de um prédio próprio para os Correios, localizado na esquina da ruas Maranhão e Recife.

A inauguração do novo espaço se deu em 04 de agosto de 1974, e de acordo com a revista Feiticeira, de setembro de 1974, esta traz que “(...) solenidade bonita, com hasteamento dos pavilhões Nacional e Paulista, onde se destacou a presença da Campeoníssima Banda Marcial “Prof. José Favorino Rangel”. A bênção foi oficializada pelo Rev. Padre Sylvio Fernando Ferreira, sendo a fita simbólica deslaçada pelos senhores Dr. Virgílio Antonio Simionato e prefeito municipal Pedro Nechar. Após as palavras do Chefe do Executivo e do Dr. Simionato, as instalações do novo correio foram franqueadas à visitação, oportunidade em que foi servido um coquetel. A seguir, um almoço íntimo. No Aeroporto, o prefeito Pedro Nechar homenageou os representantes da EBCT”.

Despejo

Com o passar do tempo, e por consequência da construção da nova agência, o prédio da rua Pará com Paraíba foi alugado para a Prefeitura Municipal de Catanduva.

O Jornal Opinião, em 22 de maio de 1983, trazia em sua 1ª página a notícia de que “Prefeitura condenada em ação de despejo por não pagar aluguel”. Trazia ainda que “(...) de acordo com ofício da empresa, enviado ao prefeito, o sucessor do Sr. Pedro Nechar, Dr. Warley Agudo Romão, não soube honrar o compromisso e não foi feito mais nenhum pagamento à ECT, embora continuasse a municipalidade usar – e até abusar da locação – fazendo sub-locações proibidas pela avença (...) Como as enchentes causaram danos ao prédio, conforme constatou a inspeção realizada logo após os fatos, o Serviço de Engenharia Civil da empresa anunciou que, conforme o Código Civil, artigo 1.196, a Prefeitura Municipal de Catanduva, por estar ocupando ilegalmente o prédio, deve restaurá-lo às suas expensas”.

Foi somente na gestão do prefeito José Alfredo Luiz Jorge, que as chaves do prédio da Empresa de Correios e Telégrafos foram entregues aos seus diretores, onde o prefeito estava empenhado em liquidar o débito existente desde 1977, que até a data da entrega das chaves, correspondia a um valor de CR$ 7.532.679,65.

No final da década de 1980, o antigo prédio voltou a funcionar como agência dos Correios, e o serviço sofreu uma divisão na cidade: no prédio antigo, localizado na esquina das ruas Pará e Paraíba funcionaria o Serviço de Caixa Postal, Posta Restante, Serviços de Achados e Perdidos, serviços de entrega em geral, como SERCA, SEDEX e correspondências em geral; no prédio da rua Maranhão, seria feito todo o atendimento de postagem de correspondências, reembolso, SEDEX à vista e a faturar, Malotes SESCA, impressos e venda de produtos em geral.

Rua São Paulo

Em 05 de maio de 1991, o jornal O Regional trazia a seguinte notícia: “O bairro Higienópolis, em Catanduva, terá a partir das 09 horas desta segunda-feira, sua primeira agência de Correios Satélite, a quarta deste tipo no interior do Estado. A Agência Satélite do Higienópolis foi criada pelo sistema franchinsing com a Madeireira Higienópolis, de Hélcio Bastos Júnior e funcionará no mesmo prédio da Madeireira, mas terá instalações e entrada independentes, ocupando uma área de aproximadamente quarenta metros quadrados”.

Fontes de Pesquisa:

 - Jornal Opinião, de 22 de maio de 1983.

 - Jornal O Regional, de 05 de maio de 1991.

 - Revista O Século, de 29 de fevereiro de 1948.

 - Boletim Só 10, nº 50, de fevereiro de 2010, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

Fotos:

Quadra de basquete da rua Pará, em 16 de agosto de 1953. Ao fundo é possível ver o prédio da Agência dos Correios de Catanduva. Na foto temos o professor Anthur Barbosa e o diretor Mauro de Oliveira e os jogadores

A inauguração do novo espaço do correio se deu em 04 de agosto de 1974, na esquina das ruas Pará e Paraíba, na gestão do prefeito municipal Pedro Nechar (o de óculos e bigode). Nesta foto, posse do prefeito Pedro Nechar, em 1973, tendo ao fundo o popular Chaim e a irmã Angela

Outro ponto de destaque que o Correio local contribuiu para a história de Catanduva foram as exposições filatélicas, a criação de carimbos comemorativos e os clubes filatélicos criados em diversas épocas na cidade. Nesta foto, I churrasco de confraternização do Clube Filatélico e Numismático de Catanduva, realizado em 28 de setembro de 1980. Na foto, da esquerda para a direita: Sérgio Bolinelli, Dr. Lauro Natali, Mário Pelegrino, Dr. Plínio Prata e Cosme Bittencourt

 

 

Após a saída dos Correios do prédio da rua Pará com Paraíba, este foi alugado pela Prefeitura Municipal de Catanduva, que não pagou os aluguéis, chegando a ter problemas judiciais. Foi somente na gestão do prefeito municipal José Alfredo Luiz Jorge que as chaves foram devolvidas aos Correios. Nesta foto, professor Jair Bernardes, José Alfredo Luiz Jorge e Laier Pereira da Silva.

 

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.