Os Correios em Catanduva (I)

A palavra Correio é comum em várias línguas românicas, apresentando origem duvidosa, que se supunha derivar do provençal antigo corrieu, palavra composta de corir (correr) e lieu (lugar), que também designava a pessoa que ia de um lugar para o outro com cartas e mensagens.

A utilização dos serviços dos correios mais antiga que se tem notícia é o serviço organizado de difusão de documentos escritos no Antigo Egito, há aproximadamente 2.400 a.C., quando os faraós usavam mensageiros para a difusão de decretos em todo o território do Estado.

Persas e gregos utilizaram também a ideia, cretenses e fenícios começaram a utilizar andorinhas e pombos como mensageiros, a China desenvolveu um amplo sistema de envio de cartas e o Império Romano, pela grande quantidade de estradas, se sobressaiu no serviço de envio e recebimento de correspondências, inclusive, regulamentado por lei. 

No Brasil, os Correios tiveram sua origem em 25 de janeiro de 1663, com a criação do CorreioMor, no Rio de Janeiro, então capital da Colônia.

Em 1931, durante a presidência de Getúlio Vargas, o Decreto Nº 20.859 fundiu a Diretoria Geral dos Correios com a Repartição Geral dos Telégrafos e criou o Departamento dos Correios e Telégrafos. A ECT foi criada apenas em 20 de março de 1969, como empresa pública vinculada ao Ministério das Comunicações.

A mudança não representou apenas uma troca de sigla, mas foi seguida por uma transformação profunda no modelo de gestão do setor postal brasileiro, tornando-o mais eficiente. Além disso, é a única empresa estatal a estar presente em todos os municípios do país, com uma vasta rede de unidades próprias e franqueadas.

Carência de fontes

Quando nossa localidade recebeu seus primeiros moradores, por volta de 1886, numa época em que ainda se chamava Cerradinho, a correspondência que chegava aos primeiros habitantes de nosso povoado só poderiam ser feitas através de parentes ou mensageiros que para essas bandas se dirigissem.

Foi somente a partir de 1º de maio de 1910, com a inauguração da Estrada de ferro São Paulo Norte que a maioria das correspondências passou a chegar e serem enviadas, já não dependendo mais dos antigos mensageiros e parentes que visitavam outros parentes e amigos por estas terras.

De acordo com o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, que já se debruçou a pesquisar sobre o correio em Catanduva, ele relatou que quando pesquisou esse tema “(...) não foi um trabalho fácil, pois as informações apareciam bem esparsamente”.

Consultando fontes antigas da cidade, como o 1º jornal de nossa localidade – “O Município” – e o 2º jornal – “A Comarca” – o professor não encontrou nenhuma notícia sobre o Correio.

“A informação mais antiga que conseguimos foi na revista O Século, de 07 de setembro de 1948, em uma matéria intitulada “Gente Antiga”, onde o entrevistado era a figura simpática do venerando Sr. Egídio Teixeira, um dos desbravadores do sertão de antanho, que para cá veio em meados de 1907/1908, onde já se encontrou com João Spanazzi, os Figueiredos, José Pedro da Motta e outras. Conta-nos das difíceis viagens que compreendia de tróli, até Santa Adélia, onde terminavam os trilhos da E.F.A. Do Higienópolis, ainda nada quase havia: uma, duas casinholas e a do Hotel de propriedade do Sr. Pedro Celli, no local aproximado do viaduto da E.F.A. O que mais nos interessa, nessa parte, é que ele diz que na esquina da rua São Paulo com a Rio Grande do Sul havia um casebre em o qual funcionava o Correio”.

Agência Postal em Catanduva

Em seus tempos iniciais, os serviços dos Correios oferecidos em Catanduva apresentavam qualidade abaixo do esperado. 

De acordo com o jornal A Cidade, de 10 de dezembro de 1931, “(...) a agência contava com 12 empregados, internos e externos. Entretanto, parece-nos que, os que ali trabalham, não passam de dois ou três (...) Não obstante isso, até hoje não temos sequer um único carteiro para a entrega da correspondência a domicílio”.

No ano seguinte, o mesmo jornal noticiava que a Agência do Correio passaria a funcionar na rua Alagoas, em frente ao consultório do Dr. Souza Lima, entre as ruas Maranhão e Treze de Maio, local próximo onde seria construído, mais tarde, o Cine Bandeirantes.

Mesmo com a mudança de lugar, as reclamações da população pelos maus serviços prestados pela Agência de Correio local permaneciam, e a imprensa sempre demonstrava essa insatisfação em vários artigos de jornais da época.

Foi somente em 1937, que saiu uma notícia boa a respeito do Correio, no jornal A Cidade, de 19 de maio de 1937: “Está, finalmente, Catanduva dotada de uma Agência Postal condigna. O novo contrato de arrendamento do prédio onde continua nosso Correio, obrigou o seu proprietário a proceder uma reforma e uma pintura que deram ao velho casarão da rua Alagoas uma ótima aparência, ao mesmo tempo que favorece a instalação mais apropriada da agência”. Porém, ainda se buscava o aumento do número de funcionários, com objetivo de agilizar cada vez mais as entregas.

Cinco anos mais tarde, ou seja, 1942, temos a notícia de que a Agência dos Correios mudaria novamente de lugar, ocupando o prédio localizado na rua Pernambuco, de propriedade do Sr. Salomão Izar, localizado em frente ao Hotel Rosário. A nova mudança também trouxe uma novidade: a partir da instalação, a cidade passou a contar com mais 04 carteiros empregados na distribuição domiciliária, além de outros funcionários para suprirem outros setores da agência.

A promessa do aumento dos funcionários só ficou no discurso da diretoria dos Correios, fato que faz a população de Catanduva ficar ainda mais descontente com os serviços prestados pela agência. Foi até publicado no jornal A Cidade, de 26 de julho de 1942, um artigo do articulista com o pseudônimo Ibituruna, relatando essa indignação.

Em 09 de agosto de 1944, mais uma nova notícia: a Agência dos Correios iria ser transferida para o prédio do Sr. João Mei, situado à Rua Pernambuco, esquina com Rua Maranhão, onde, por muitos anos, funcionou a loja Magatti. (Continua semana que vem).

Fontes:

- Boletim “Só 10”, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, Nº 49, de janeiro de 2010.

- Jornal A Cidade, de 10 de dezembro de 1931; de 19 de maio de 1937; e de 26 de julho de 1942.

Fotos: 

A utilização dos serviços dos correios mais antiga que se tem notícia é o serviço organizado de difusão de documentos escritos no Antigo Egito, há aproximadamente 2.400 a.C., quando os faraós usavam mensageiros para a difusão de decretos em todo o território do Estado

No Brasil, os Correios tiveram sua origem em 25 de janeiro de 1663, com a criação do CorreioMor, no Rio de Janeiro, então capital da Colônia. Nesta foto, carta do Pará, escrita em 1655, com destino para a Ilha do Fayal, nos Açores

 

Antigamente, era muito comum encontrar caixas das Agências dos Correios, como a foto acima, em vários pontos de Catanduva

 

Prédio dos Correios, na esquina das ruas Pernambuco com Maranhão, onde por muito tempo funcionou a Loja Magatti e onde hoje se encontra o Magazine Luiza, fotografado na década de 1950

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.