Os Caminhos da Fé

365 dias são o suficiente para cansar todo mundo. Mas ao mesmo tempo, existe a perspectiva de renovação no ano novo. Gostamos de acreditar que doravante tudo será diferente. A simples alteração no calendário não mudará a vida de ninguém. Mas existe a sensação do recomeço. É interessante observar como as religiões encaram esta passagem.

Entre os cristãos, existem várias maneiras de celebrar a passagem. Os católicos recebem do Papa a mensagem do “Angelus”. O ano novo está inserido na liturgia do ciclo de Natal, que dura quatro semanas. Vai do Advento à Epifania, no dia de Reis. Para a maioria dos evangélicos, é um momento de gratidão e Ação de Graças. Cada denominação tem autonomia para celebrar à sua maneira. Em geral, é um dia de muitas orações.

Os muçulmanos consideram o reinício no dia cinco de novembro, data em que se comemora a Hégira, a fuga de Maomé, para Medina, em 622. A contagem dos anos iniciou-se nesta data, portanto, estão no ano 1442. Suas cinco orações diárias significam a renovação. As datas de 31 de dezembro ou primeiro de janeiro são dias comuns.

Para os espíritas, o ano novo é uma oportunidade para reflexão sobre os acertos e erros do ano que se finda para que possam continuar em busca da sua evolução moral e espiritual. E acima de tudo, agradecer pela jornada e pela transformação pessoal.

Os judeus consideram que estão no ano 5782, a partir da criação. O ano novo é comemorado em outubro ou novembro e é chamado de Rosh Hashaná. Ele envolve profunda meditação e um balanço de tudo o que passou no ano que ficou para trás, entre várias outras questões existenciais. A partir daí, planejam um período melhor no futuro. As pessoas têm a chance de avaliar seus erros e se redimir de seus pecados diante de Deus. Esse momento de reflexão tem a duração de dez dias e culmina no Yom Kippur, o Dia do Perdão.

Para as religiões de matriz africana, é um momento de passagem. Usa-se o branco, perfumes e incenso para atrair boas vibrações. São feitas oferendas à Iemanjá, deusa da compaixão, do amor incondicional e do perdão, para que ela possa atender aos pedidos de seus devotos.

Os budistas não comemoram o Ano Novo. Há apenas práticas especiais para pedir um novo ano melhor, mas não um ritual. As pessoas que seguem a religião podem até se confraternizar, mas não há nenhum ritual ensinado na doutrina de Buda.

No fim das contas, vale o que está no coração de cada um.

Aproveito a oportunidade para agradecer ao Regional e sua equipe por me acolherem em seu precioso espaço. E um agradecimento todo especial ao leitor que é a razão de existir do jornal. Todos os dias, nos mais variados lugares, alguém me aborda com sugestões, críticas, comentários e observações. Eu fico muito feliz com isso. Desejo a todos um feliz novo.

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.