Os bebês, as crianças e o objeto transicional

O conceito de objeto ou fenômeno transicional recebe diferentes usos, e sua função de acordo com Winnicott é de representar a mãe ou cuidador quando este estiver ausente, trazendo o conforto que a criança necessita em momentos de angústia e ansiedade. Normalmente esta fase se inicia aos 8 meses e acompanham os pequenos até os 5 anos podendo variar de acordo com o desenvolvimento emocional de cada um.

Donald W. Winnicott foi um importante pediatra e psicanalista inglês que considerava as relação com o objeto um fenômeno complexo que depende de um processo de amadurecimento decorrente da qualidade do ambiente no qual o bebê está inserido de modo que um ambiente favorável caracteriza-se pela presença de um adulto maduro e fisicamente capaz que tenha tolerância e compreensão com a criança.

Ele dizia que não há possibilidade de um bebê progredir do princípio do prazer para o princípio da realidade sem a presença de uma mãe ou cuidador suficientemente bom que é aquele que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê e que vai diminuindo gradativamente segundo a crescente capacidade dele lidar com o fracasso e em tolerar os resultados da frustração.

Para ele, no processo de amadurecimento o ser humano se depara com o problema entre aquilo que é objetivamente percebido e subjetivamente concebido de tal forma que é preciso uma área intermediária entre a percepção objetiva e a imaginação, tendo os objetos ou fenômenos transicionais como representantes da passagem de um estado em que está fundido com a mãe para um estado em que está em relação com ela como algo externo e separado, e não se trata especificamente do primeiro objeto mas de uma área entre o subjetivo e aquilo que é objetivamente percebido por ele.

Mesmo que o objeto transicional represente o seio ou o objeto da primeira relação, o que importa é que ele sendo um domínio permite ao bebê passar do controle onipotente e mágico para o controle pela manipulação que caracterizam esse estado intermediário entre a inabilidade do bebê e sua crescente habilidade em reconhecer e aceitar a realidade da experiência entre a atividade criativa primária e a projeção do que já foi introjetado, saindo de um estado de fusão para a experiência do eu e do outro.

Em geral, o objeto transicional é gradualmente substituído por outros interesses, e dos 3 aos 5 anos a criança vai tendo condições de deixá-lo, sendo importante frisar que cada um tem o seu tempo por se tratar de algo emocional e não cronológico, portanto, individual.

O desenvolvimento emocional infantil envolve aquisições e habilidades para comportamentos, temperamentos, expressão e controle de sentimentos futuros que serão baseados nas experiências a partir das vivências e percepções que acontecem principalmente na primeira fase de vida, sendo o objeto transicional algo extremamente positivo porque ajuda o bebê a fazer a transição do eu com o mundo sendo o primeiro vínculo no nível mental entre o interior e o exterior.

Música “Ciranda da Bailarina” com O grande circo místico.

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br