O ano está acabando, e as apostas para o Oscar de 2024 já estão sendo lançadas. Um bom exemplo de um provável campeão de indicações entrou em cartaz na última quinta, no CineX, no Shopping de Catanduva. Trata-se de Assassinos da Lua das Flores, a nova obra do consagrado diretor Martin Scorsese (Os Bons Companheiros, Taxi Driver), que aos 80 anos reúne pela primeira vez em um mesmo projeto os atores Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street) e Robert De Niro (O Irlandês), seus colaboradores frequentes.

Assassinos da Lua das Flores é um filme baseado no livro homônimo de David Grann, que conta a história real de uma série de assassinatos que ocorreram na tribo indígena Osage, em Oklahoma, na década de 1920, após a descoberta de petróleo em suas terras. O caso foi investigado pelo recém-criado FBI, então sob o comando de J. Edgar Hoover.

DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, um homem branco que se casa com Mollie Kyle (Lily Gladstone), uma das herdeiras do petróleo Osage. De Niro vive William Hale, o tio de Ernest e um poderoso fazendeiro que planeja eliminar os indígenas para ficar com suas riquezas. Jesse Plemons faz o papel de Tom White, o agente do FBI encarregado de solucionar os crimes.

O filme é um retrato brutal e sem concessões da ganância, do racismo e da violência que marcaram a história dos Estados Unidos e de sua relação com os povos nativos. Scorsese conduz a narrativa com maestria, criando cenas de tensão e suspense que prendem a atenção do espectador. A fotografia de Rodrigo Prieto é deslumbrante, captando as paisagens áridas e as cores vibrantes da região. A trilha sonora de Robbie Robertson, que faleceu em agosto deste ano, é envolvente e marcante.

O elenco está impecável, com destaque para a atuação de Lily Gladstone, que rouba a cena como a protagonista Mollie Kyle. A atriz americana de origem indígena transmite com sutileza e força a complexidade de sua personagem, que vive um dilema entre o amor e a lealdade à sua família e à sua tribo. DiCaprio e De Niro também estão excelentes em seus papéis, mostrando mais uma vez a química que têm com o diretor.

Martin Scorsese retrata de forma bastante respeitosa o povo Osage e sua cultura, contando para isso com a consultoria indígena de membros daquela nação. As filmagens aconteceram no mesmo lugar dos eventos reais, em Oklahoma, permitindo uma representação histórica fiel da época e, principalmente, das pessoas retratadas, evitando os estereótipos típicos do cinema americano nos westerns – mesmo sendo este um western atípico.

Com suas 3h e 26m de duração, Assassinos da Lua das Flores descontrói o gênero faroeste, como Martin Scorcese também fez no filme de gângster, do qual se tornou um especialista, num clima de tensão e conspiração do início ao fim.