Olhos vendados

Parece que a Prefeitura não entendeu bem o espírito das licitações. Percorreu uma jornada de meses de intenso debate para definir a nova organização de saúde responsável pela gestão da UPA e, na hora H, recuou e desfez tudo. Alegou que os termos iniciais já não são mais condizentes com o momento atual – passaram-se alguns meses e, em tese, tudo teria mudado.

Fato semelhante ocorreu na PPP, a Parceria Público Privada da iluminação pública, em que os valores utilizados no processo foram estimados na metade do ano passado, ficando, portanto, extremamente defasados. Não é possível que ninguém soubesse que isso iria acontecer e que alguém “perceberia” o orçamento furado.

No caso específico da UPA, por um lado pode ser a correção de uma catástrofe: a nova licitação reduziria o quadro de profissionais de saúde em atuação na UPA, bem ela que já sofre acusações quase diárias sobre o longo tempo de espera e o número reduzido de médicos. Por outro viés, demonstra que os gestores de saúde seguem pilotando a UPA com olhos vendados ou em meio à neblina, pois não sabem bem se o caminho é reduzir, manter ou aumentar o efetivo, apesar de as reclamações surgirem aos montes.

A própria Associação Mahatma Gandhi, que faz a gestão da unidade, segue meio no tanto faz como tanto fez, à medida que possui todos os dados sobre a realidade do atendimento e não toma qualquer iniciativa no sentido de melhorar o serviço. Enquanto tudo isso acontece, nos bastidores e também a olhos vistos, a população segue sofrendo e lamentando o governo que tem.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.