O terror de um Telefone Preto tocando

Finney é um jovem que vive com seu pai e a irmã mais nova. Ele é sequestrado por um serial killer que rapta, tortura e mata meninos. No cativeiro, o garoto começa a receber estranhas ligações das vítimas do assassino, que tentarão ajudá-lo a escapar do assassino e vingar os mortos. Essa é a sinopse da mais nova sensação dos filmes de terror no cinema mundial: O Telefone Preto, em exibição desde o pré-lançamento na quarta-feira, no CineX de Catanduva, no Garden Shopping.

É um produto de família (pelo menos, de família de escritores): adaptação de um conto de Joe Hill, filho de Stephen King. O filme dá sinal de que as histórias do filho parecem tão boas quanto as do pai (mas não a maioria, porque muitos filmes baseados em King são realmente ruins...) – embora, pela quantidade de adaptações que o Mestre do Terror teve, os filmes bons são até que muitos: O Iluminado, It – A Coisa, Um Sonho de Liberdade, Conta Comigo, Louca Obsessão, Carrie – a Estranha, Cemitério Maldito, À Espera de Um Milagre – dependendo do gosto do crítico ou do público. Stephen King, por exemplo, odiou a considerada melhor adaptação de um livro seu, O Iluminado, dirigido por Stanley Kubrick (2001 – Uma Odisseia no Espaço, Laranja Mecânica).

O Telefone Preto tem direção de Scott Derrickson, que em seu currículo tem os dois filmes do Dr. Estranho, da Marvel, e de terror como Livrai-nos do Mal e A Entidade, o ficção científica O Dia em que a Terra Parou, e os clássicos O Exorcismo de Emily Rose e Hellraiser: Inferno.

No longa, proibido para 16 anos, Finney Shaw (Mason Thames) é um jovem introvertido num lar abusivo com seu pai e irmã. Pressionado entre agressões em casa e o bullying no colégio, Finney se torna alvo de um sequestrador que começa a aterrorizar o seu bairro.

A trama é carregada, seca, exibindo situações fortes. Ao contrário de Finney, sua irmã, Gwen (Madeleine McGraw) é carismática e possui poderes mediúnicos. Ela traz leveza ao filme, pelo menos até os muitos momentos tensos que a trama exibe. O serial killer (Ethan Hawke) acaba por se tornar o protagonista com seu visual próprio e assustador, acentuado pela fotografia típica dos filmes do diretor: cores estilizadas em tons marrons, que lembram outono e ferrugem, uma sensação de melancolia, como dos filmes dos anos setenta e oitenta.

Não faltam referências a filmes de King, como It: A Coisa e à série Stranger Things, produções que transitam na mesma época. A trama se passa num bairro suburbano dos EUA, exibindo a decadência típica da região, com vegetação morta, coisas enferrujadas, concreto e tijolos quebrados e sujos.

O sobrenatural é comedido, e explora os sustos, e a sensação de agonia com o clima pesado e de medo – medo do que pode acontecer a qualquer momento – e o espectador espera esse momento com tensão, como quando toca um sinistro telefone preto.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.