O suicídio no Setembro Amarelo

O suicida é um artista trágico que lhe faltou

 recursos para contar a sua própria história.

Rubem Alves

 

Setembro Amarelo é o mês dedicado à prevenção do suicídio, e segundo a Organização Mundial de Saúde OMS, 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil.

Não é um assunto fácil de discussão porque envolve muitos tabus, por isso, falar sobre prevenção é uma forma de compreender o que se passa com quem tem ideias suicidas entendendo que para ajudar, torna-se necessário termos um olhar atento e sobretudo atendimento contínuo e multidisciplinar.

As situações que levam uma pessoa a se suicidar estão em sua maioria na presença de transtornos mentais, quadros de depressão quase sempre com sintomas psicóticos, bem como o consumo de drogas e álcool.

Segundo o psiquiatra e psicanalista Juan David Nasio, a depressão é a “espuma” de uma neurose e para tratá-la, é preciso olhar o que está por baixo, submerso, sendo a psicanálise fundamental no processo de prevenção, pois, através da própria fala, associações são estabelecidas pelo próprio paciente.

O suicida tem sentimentos ambivalentes que faz com que tenha o desejo de fugir da dor acabando com a própria vida que está sempre acompanhado do desejo de viver. Muit0s não desejam morrer, mas a dor e o sofrimento são maiores fazendo com que ele tire a própria vida.

Nem sempre é uma mensagem de ressentimento, mas sim um ato de pessoas tomadas pela solidão, angústia e vida sem sentido que carregam sintomas de natureza melancólica, maníaca e depressiva.

No entanto uma pergunta fica sempre sem resposta: O que leva tanta gente a abreviar a própria vida?

A única resposta que temos, além dos diagnósticos, são cartas e áudios que muitos deixam nas chamadas “mensagens de adeus”, transcritos no desespero de quem não encontra nada mais a fazer de sua vida e que no ápice de um comportamento autodestrutivo desejam morrer.

O livro “Suicídio, testemunhos do Adeus” de Maria Luiza Dias examina de forma extremamente original as relações humanas na sociedade moderna, e mostra cartas deixadas por quem tirou a própria vida mostrando o desespero de quem não encontra mais nada a fazer de sua existência.

No mês dedicado a prevenção do suicídio, fica uma reflexão para que possamos compreender as dores emocionais, fazendo com que cada vez mais as pessoas entendam que o tratamento preventivo é o melhor recurso disponível para que as pessoas não adoeçam. 

Música “On the Sunny Side of the Street.

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br | Foto: Edgar Maluf @edgar.maluf ©