O samba-enredo e o cotidiano do ensinar

Se um grupo de professores é capaz de criar um samba enredo em homenagem ao cinquentenário de Instituição de Ensino Superior, para a qual trabalha, imagina do que mais são capazes!

Pois é, essa introdução traduz, de forma pragmática, a materialização de algumas das demandas mais relevantes impostas às Instituições de Ensino Superior e a seus professores originadas pela transformação acentuada no perfil dos alunos e da sociedade.

Hoje, enfrentamos a realidade de termos alunos especialistas em sala de aula que buscaram ter seu aprendizado, muitas vezes, de forma autodidata, tendo como fonte de informações a medicina do google, os vídeos do Youtube, as palestras de gurus, dentre outras formas de aprendizagem, que não o tradicional e pejorativamente denominado do ensino do “giz, lousa e saliva”.

E, este cenário é ruim? Não, absolutamente não, mas sim é desafiador!

Para os professores, há o desafio recorrente de se atualizar, de inovar em sua didática, da utilização de novas ferramentas de metodologias ativas, da sala de aula invertida, do adequar de sua forma de atuação conforme seu público, do aprender e de ter a consciência de que o universo do conhecimento é infinito e que, obrigatoriamente, novos saberes serão demandados e deverão ser incorporados ao seu cotidiano de ensinar.

E, por que a experiência de autoria de um samba enredo, por professores, ilustra esse cenário desafiador?

Vamos a algumas conjecturas: O perfil dos professores é heterogêneo, alguns extravasam com maior facilidade a sua criatividade, alguns já são adeptos ao ritmo “samba”, outros nem tanto, alguns são mais extrovertidos, alguns já são autores, inclusive tendo participado de concursos de sambas enredo, alguns são das ciências exatas, outros da saúde, outros das ciências sociais.

E, nesse escopo multicultural e de diversidade, o que fazer para alinhar todos os professores com o propósito de se criar, em três dias, o samba enredo de uma Instituição de Ensino Superior?

Aí, a dinâmica da autoria do samba traz uma realidade comum ao cotidiano de ensino do professor, ou seja, ele tem que se adaptar, ele tem que aprender, ele tem que ser flexível, ele tem que conhecer o seu papel no processo de aprendizagem, ele tem que conhecer seu propósito, ele tem que exercer seu sentido de pertencimento e de comprometimento, ele tem que ser aberto a novas experiências e a novos conhecimentos.

Talvez a principal coincidência entre a dinâmica da criação do samba enredo e o cotidiano do professor em sala de aula é o sentimento de realização, do ser capaz, do superar obstáculos e do querer fazer mais e melhor.

Com características diferentes, professores se uniram para criar um samba-enredo para homenagear o cinquentenário do Centro Universitário Paulistana num enredo que privilegia a educação e a formação, destaca a luta e a dedicação, e eleva o amor à cultura pelo bem do cidadão.

 

Angelo Toyokiti Yasui

Professor, mestre e pró-reitor da UniPaulistana

Autor

Colaboradores
Artigos de colaboradores e leitores de O Regional.