O que você entendeu?
Há poucos dias trouxemos aqui textos que, digamos, são atemporais. Foram duas crônicas, coincidentemente com animais como personagens principais. Uma citando o Lobo Mau das histórias da Chapeuzinho Vermelho e outra os urubus carniceiros. Em meio à movimentação no meio político local, teve quem tenha relacionado tais figuras a esse ou àquele, buscando a revelação nas entrelinhas. Mas a verdade é que a ideia, tal como nas fábulas em que os animais agem como seres humanos para ilustrar um preceito moral, era transmitir mensagem sobre como precisamos ficar atentos a tudo que acontece no centro do poder ou dos poderes. Não somente aqui, onde tudo fica concentrado no Parque das Américas, mas também em São Paulo e Brasília. Aqui, tal como lá, há vários Lobos Maus e talvez nenhuma Chapeuzinho – ou, quando mundo, nós somos a inocente menina enganada. Além disso, não se trata do hoje, mas também do ontem e do amanhã, pois, como dito, tais textos vêm de outros momentos e servem perfeitamente ao momento atual, como bem servirão a data futura, pois infelizmente as coisas custam a mudar. Os urubus, tal como os abutres ou mesmo as hienas e os chacais, estão sempre rondando a carniça e jamais são incomodados pelos governantes, esbaldando-se livremente. É assim que as coisas funcionam e cabe a nós, cidadãos, ficarmos de olhos bem abertos a tudo que acontece na torre do castelo. Diante de lobos e urubus, se você entendeu de um modo e o colega do lado compreendeu de outra forma; se você achou que falávamos de um político, e ele acreditou que nos referíamos a outro; reforçamos que isso é o que menos importa. A proposta é falar sem dizer muito, mas levar adiante o recado de que não podemos nos deixar enganar. Quando a alienação e apatia toma conta, é quando eles mais aproveitam. E como aproveitaram.
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