Quando noticiamos, na semana passada, que mais de 300 empresas fecharam suas portas nos primeiros cinco meses do ano em Catanduva, um leitor manifestou-se, dizendo que o jornal deveria enaltecer a cidade. Nem sempre, respondemos a ele. É preciso mostrar a realidade, ainda que dolorida.

Nas redes sociais, houve vários outros comentários com críticas ao município, por não atrair novas empresas, não empregar, não oferecer oportunidades. As pessoas se identificaram com aquele fato, fez sentido para elas.

Dias depois, revirando os mesmos dados da Jucesp que deram base à primeira constatação, cruzamos o número de empresas abertas com àquele índice de fechamento e tivemos saldo positivo. A nova notícia não atraiu comentário algum.

Não porque as pessoas só sejam atraídas por notícias negativas ou sanguinárias, ao contrário, várias notícias bem comentadas em nossas redes sociais envolvem temas positivos – um dos exemplos recentes é o da primeira bikefood da cidade, em que muitos leitores manifestaram desejos de sucesso aos jovens empreendedores.

A apatia dos leitores diante da veiculação do saldo de empresas talvez esteja relacionado à dificuldade de aferir isso no dia a dia. Saber que muitas empresa quebraram é simples: a gente vê as portas fechadas, prédios alugando, amigos perdendo empregos.

Por outro lado, saber que abriram mais empresas que fecharam não transmite muita coisa, sobretudo quando constatamos, dia após dia, que as coisas estão difíceis e até sentimos no bolso que o mês é mais longo que o salário.