O poder da aceitação

Vivemos tempos de muita pressa, cobranças e padrões inatingíveis. E, nesse cenário, é comum que tentemos esconder nossas dores, silenciar emoções e fingir força quando tudo dentro de nós pede acolhimento. Resistimos ao medo, à tristeza, à culpa, à insegurança. Mas aquilo que resistimos, persiste.

Essa frase, atribuída a Jung, tem um valor imenso para quem busca autoconhecimento e saúde emocional. Ela nos convida a mudar de estratégia. Em vez de travar guerra interna com aquilo que sentimos, podemos escolher olhar com coragem e ternura para nossas partes sombrias, nossos fracassos, traumas e dilemas.

Quando resistimos, mantemos a energia da dor ativa. É como empurrar uma bola para debaixo da água: ela retorna com mais força. Mas quando aceitamos — e aqui vale lembrar que aceitar não é concordar ou se conformar, mas sim reconhecer com honestidade e presença —, então algo começa a se transformar. Criamos espaço para a escuta, para o aprendizado, para a cura.

Aceitar é dizer: "Sim, eu estou com medo", ou "Sim, isso me feriu profundamente". E, a partir daí, algo novo pode nascer: uma decisão mais consciente, um pedido de ajuda, um gesto de amor próprio.

Essa transformação silenciosa é o ponto de virada na vida de muitas pessoas. Quando paramos de lutar contra nós mesmos, nasce a possibilidade de paz. Quando acolhemos o que somos, inclusive nossas imperfeições, abrimos caminho para a verdadeira mudança.

Como psicóloga e suicidóloga, vejo diariamente como a aceitação pode salvar vidas. Não é um processo fácil. Exige humildade, coragem e, muitas vezes, apoio profissional. Mas é um caminho real. Aceitar não é fraqueza — é maturidade emocional. É o primeiro passo para não sermos mais prisioneiros do que nos fere.

E você? O que tem resistido em si? O que ainda não conseguiu aceitar?

Talvez seja hora de dar uma chance à transformação.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp