O perigo dos balões

Com as festas juninas que acontecem todos os anos, as autoridades alertam para o perigo de soltar balões. A prática, entretanto, é considerada crime ambiental, previsto na Lei nº 9.605/98, de tal forma que, com base na referida lei, quem for flagrado fabricando, vendendo ou transportando balões, pode ser condenado a pagamento de multa ou pena de três anos de reclusão.

Na sequência, uma queda de balão foi responsável por um incêndio no Parque Estadual de Jaraguá, na zona norte da capital paulista durante o mês de maio, portanto, uma repetição de casos graves, onde exige maior rigor das autoridades, no sentido amplo de extinção dessa prática criminosa.

De acordo com o governo de São Paulo, a soltura de balões é uma das principais causadoras de incêndios na flora, portanto, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística aplicou 40 autos de infração ambiental nos primeiros cinco meses do ano por fabricação, venda, transporte ou ato de soltar balões, um aumento de 135% em relação ao patamar do ano passado.

Como se não bastassem esses episódios que explicitamos até aqui, tivemos recentemente mais uma queda de balão sobre uma creche na capital paulista, motivando falta de energia elétrica para 400 mil pessoas que residem nas proximidades do ocorrido, porém, graças à eficiência dos responsáveis pelos serviços de manutenção da parte elétrica, o problema se normalizou em pouco tempo.

Entre janeiro e maio do ano em curso, foram registradas 30 ocorrências com balões na rede elétrica da região metropolitana de São Paulo, sendo 21 na capital paulista, de acordo com Enel - Distribuição de São Paulo. Segundo a empresa, mais de 6 mil clientes foram impactados por interrupção no fornecimento de energia elétrica, o equivalente que corresponde a 24 mil pessoas.

Pode cair o balão, por exemplo, em uma refinaria, em uma indústria química ou se chocar com uma aeronave em voo. Quem assim procede, soltar balão, está assumindo risco de causar mortes, alerta o especialista em gerenciamento de risco Gerardo Portela.

Outra ameaça é para a aviação civil. Muitas vezes os radares não conseguem avistar os balões por causa das condições impróprias, aumentando o risco de choque com aviões.

O Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, lançou uma campanha, visando alertar a população sobre os riscos dessa prática ilegal. Serão realizadas ações a escolas próximas ao aeroporto, assim é que, de janeiro a maio de 2024, foram registradas sete ocorrências com balões no aeroporto. Em 2023, simplesmente 39 casos.

Dependendo da massa do balão e da velocidade da aeronave, o impacto da colisão pode chegar a 250 toneladas. Um balão de 15 quilos, por exemplo, considerado pequeno, ao colidir contra um avião que esteja voando a cerca de 300 quilômetros horários, causa um impacto de três toneladas e meia, explica o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

Levantamento do Cenipa aponta que o Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba são as maiores capitais com número de ocorrências de balões. Novamente, de janeiro a maio de 2024, foram identificados 186 casos de ocorrências no país, antes da temporada das festas juninas. O aeroporto Santos Dumont, também no Rio de Janeiro, teve 23 registros, seguido pelo aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas-SP) com 21 e o Aeroporto de Bacacheri, em Curitiba/PR, com 14 registros.

Eis um alerta, para que as autoridades estejam vigilantes, visando, efetivamente, alguma solução que determine, de acordo com a Lei vigente, a proibição de soltura de balões e é o que todos nós esperamos.

Autor

Alessio Canonice
Ibiraense nascido em 30 de abril de 1940, iniciou a carreira como bancário da extinta Cooperativa de Crédito Popular de Catanduva, que tinha sede na rua Alagoas, entre ruas Brasil e Pará. Em 1968, com a incorporação da cooperativa pelo Banco Itaú, tornou-se funcionário da instituição até se aposentar em 1988, na cidade de Rio Claro-SP, onde reside até hoje.