O Natal anuncia a Páscoa

Jesus Cristo é Deus. E é homem. Nasceu como qualquer criança. Mas nasceu na manjedoura para o Calvário. Toda vez que vejo um presépio, olho em seguida para o crucifixo que carrego no peito, na altura do coração. Nascimento e morte se completam, porque a Encarnação ocorreu para a Redenção.
Nós cristãos daqui a pouco comemoraremos o Nascimento, mas, no íntimo, nossa alegria carrega também uma lágrima pelo Senhor, o Senhor Bebê, o Rei do Universo Neném... que Maria teve no ventre primeiro para a Vida e a terra, e depois, no sepulcro (depois de espinhos, pregos, chibatas e lança), teve para a Morte e a Ressurreição.
Nossa fé não é apenas bonita pelas palavras, não é apenas narração romântica e poética. Nossa fé é a própria Realidade, a realidade de que Deus hoje também tem carne e osso na Eternidade, de que Ele sangrou as dores e os sofrimentos da humanidade inteira. Todos os Josés e todas Marias, todos os homens e todas as mulheres do passado, do presente e do futuro, têm seus ais recolhidos pelos gugus-dadá de Jesus embalado no colo de Maria. E muito mais no silêncio do cordeiro mudo que não abriu a boca...
O Natal anuncia a Páscoa. O júbilo pelo nascimento de uma criança, a criança que nos ordenou sermos como as crianças, dará em breve lugar à consternação pela morte de um homem, o homem que nos mandou amarmos os outros homens. Natal e Páscoa se entrelaçam como infância e vida adulta se completam. Afinal, alguém disse com muita razão que “o menino é o pai do homem”.
As crianças ganham presentes dos adultos que um dia foram crianças e, também, outrora também ganharam os seus regalos. Os adultos conhecem as durezas da existência mais de perto, porque quando choram, não choram pelas cólicas, pelas frustrações advindas de uma psiquê infantil; choram porque as lágrimas da existência depois dos 18 anos são mais frias, são racionais e, com certeza, não são amenizadas pelos presentes do Papai Noel. Apenas Deus enxuga o pranto do adulto, que já vive a Páscoa há muito tempo...
Feliz e Santo Natal a todos. Este é o meu desejo mais íntimo e sincero.
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