“Mudar o mundo, amigo Sancho, não é nem utopia nem loucura, é justiça.”

(Fala do personagem Dom Quixote)

Miguel de Cervantes

Romancista, dramaturgo e poeta castelhano (1547 – 1616). 

Recentemente, fomos à Espanha em viagem de pesquisa e aprendizado. Viajamos em busca de material, subsídios e, mais do que tudo, inspiração para as montagens que realizaremos em 2025 para comemorar os 30 anos da Cia. da Casa Amarela. Nosso foco, não era apenas a pesquisa intelectual e cultural. Acima de todas as necessidades, havia a busca pelo humano, pelo ancestral, pelo transcendental.

Porque não somos apenas o momentâneo, o fugaz, o vazio, o fútil e superficial; o pedaço de carne que está às moscas da ignorância e do materialismo que impera na sociedade. Temos Alma, temos sonhos! E sonhos existem para serem realizados. Ou, pelo menos, para tentarmos concretizá-los. E a Arte nos inspira.

Não, não foi nossa primeira viagem. Conhecer culturas e histórias diferentes é nosso grande mote inspirador há anos. No entanto, quando optamos por produzir um espetáculo sobre o personagem Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, para comemorar 30 anos de uma batalha, a escolha foi a melhor: o personagem que sonha, que quer mudar o mundo, não por utopia ou loucura, mas por justiça! Porque merecemos um mundo melhor! Levar ao público, principalmente crianças e jovens, a certeza de que sonhos são fundamentais e que a transformação desse planeta está e nossas mãos, é essencial!

Dom Quixote é o cavaleiro que, na sua “loucura”, mantinha a ingenuidade e crença no amor, nos homens, nos sonhos e na justiça humana. Tão necessário para a atualidade, invadida pelas fakenews, malandragens e pelos dissimulados que usam a religião para conquistar o poder e dominar as massas, dentro de um enriquecimento ilícito e injusto.

Nossa montagem não vai apenas comemorar os 30 anos que se passaram, como também acender uma luminosa chama de esperança para os próximos anos que virão, porque a Arte sempre nos guiará, nos sustentará e nos acalentará. É o teatro que criamos, em 1995, que nos fornece instrumentos de transformação e sensibilidade necessárias e urgentes para as próximas décadas onde gerações novas poderão ter em Dom Quixote uma referência de lutas pelo bem.

Dom Quixote empunha a lança de uma batalha necessária, não para ferir e fazer jorrar sangue, mas para florescer esperança e paz através do amor e do sonho.

Isso nos inspira a criar e mudar o mundo; o nosso mundo interior, o mundo ao redor e, se possível, inspirar gerações a mudarem seus mundos pessoais, com doses de idealismo lúcido, coerente e possível.

Mais do que nunca, é pela justiça de nos tornar uma sociedade feliz e correta, moldada pelas ações da solidariedade, da verdade e do bem.