Houve um tempo em que as pessoas sentavam na calçada para jogar conversa fora e interagir com vizinhos e amigos. Era aquela imagem típica do interior, com cadeiras de varanda coloridas, feitas de fios, espalhando-se pelas ruas no fim de tarde. Tal costume, entretanto, é inversamente proporcional ao crescimento das cidades, pois este fato tende a trazer consigo o crescimento da criminalidade e da violência.

Consequentemente, aumentam-se as grades e cercas elétricas, assim com o temor diante daquele que toca a campainha ou interfone. Como escreveu Renato Russo em uma de suas belas letras, “o mundo anda tão complicado”.

E é exatamente nesse cenário que os agentes recenseadores do IBGE precisam dialogar com as pessoas e coletar dados, números e traçar o novo perfil da população. Desafiador, digamos.

Primeiro porque a tendência é que muita gente recuse o atendimento por puro receio. E se for um bandido com roupa e colete azul parecido? E se até aquele tablet for falso? Sabendo disso, o IBGE oferece consulta à identificação dos entrevistadores em tempo real, por telefone 0800, que é gratuito, ou via internet.

Mas tem quem tenha medo até de abrir a porta, quanto mais de se aproximar do sujejito para pegar um código, QRCode ou seja lá o que for. É até compreensível. Porém, tudo isso precisará ser superado, de um jeito ou de outro, caso queiramos indicadores condizentes com a realidade. Por isso, fica o apelo para que, com as medidas de segurança necessárias, todos possamos responder ao Censo. Precisamos saber quem somos e pra onde vamos.