O melhor e o pior

Dizem que o meio de transporte mais seguro é o avião grande. Não é. Ocupa a segunda colocação. O elevador ocupa a primeira posição. Em terceiro lugar vem o trem. Na Europa. No Brasil deram conta de acabar com este meio de transporte. Não tem malha ferroviária. Juscelino deu conta de enterrar o progresso brasileiro ao privilegiar os automóveis em detrimento dos trens.

Imagine ter que viajar para Belém do Pará. Não dá para ir de carro. É muito longe. As estradas são ruins. Quem constrói depois não conserva. Ultimamente, nem as rodovias que contam com pedágio. Se quiser conferir, é só trafegar pela Rodovia Washington Luís nos arredores de Catanduva. Tem até lombada na pista. Portanto, infelizmente não tem como escapar de aviões. Eu não tenho medo de viajar de avião. Apenas acho a viagem muito chata e desconfortável, sensação que piorou à medida que fui engordando. A viagem de avião pode até ser boa. Se der tudo certo! Por que para alguma coisa dar errado, não precisa muito. Chuva forte, neblina, tráfego aéreo intenso, avaria do avião, venda de passagens a mais, etc.

O aeroporto é um dos piores ambientes que eu conheço. Anódino. Insosso. Impessoal. Desconfortável. Muita tensão e nervosismo. Trocam o portão de embarque frequentemente. O café e o salgadinho saem por uma fortuna. Não tem nada mais estúpido do que uma longa espera num aeroporto. Quando ocorre um atraso, ou seja, quase sempre, você nunca sabe o que está acontecendo. Ninguém te informa direito. É tudo lacônico. Aliás, se tem alguém que é bem treinado neste mundo é funcionário de companhia aérea. Eles suportam toda sorte de grosserias e palavrões, como se fossem culpados pelos contratempos. Não são! Mas ficam impassíveis. Não perdem a linha. Coitados. São a face visível de companhias monopolistas e abusadas.

Querem um exemplo? Dias atrás eu vi nas redes o preço de um bilhete do trecho São Paulo – Rio Preto que saia por R$ 4 mil. Seria engraçado não fosse trágico. A cada vez que você pesquisa na internet, o preço de uma passagem aérea, aumenta o valor. Não tem controle nenhum, regra nenhuma, critério nenhum a não ser esfolar e prejudicar o infeliz que se disponha a viajar.

Em qualquer lugar sério do mundo, a agência reguladora, no caso do Brasil, a ANAC estaria advertindo e multando os abusos e más práticas comerciais. Ela deve ter os seus motivos para ficar quietinha e não fazer absolutamente nada para melhorar a vida dos cidadãos. Logo, logo, começo a engrossar o coro dos que acham que certas instituições, não fazendo muita falta para o brasileiro, deveriam ser extintas. O duro é que alguém diria: “quer extinguir algo que consome dinheiro público e não serve para nada? Não tumultue! Pegue uma senha e espere a sua vez porque tem um monte de instituição na frente...”.

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.