O Homem do Norte, uma história de vingança viking

“Há algo de podre no reino da Dinamarca”. A frase ficou famosa graças à peça Hamlet, do dramaturgo inglês William Shakespeare. O bardo britânico buscou inspiração numa lenda histórica que talvez nem tenha acontecido no reino da Dinamarca. Hamlet era Amleth, o príncipe que, ainda criança, assistiu ao assassinato do pai, o rei de uma ilha (que poderia ser a atual Islândia) pelo tio, que também sequestrou sua mãe, a rainha, numa trama pela conquista do poder num reino distante.

O jovem tem que fugir de barco para se salvar, e acaba recolhido entre vikings, guerreiros brutais que o tornam um homem igualmente violento. Ele cresce desejando vingar a morte do pai e salvar a mãe. Um drama épico, transformado em filme pelo diretor cult Robert Eggers (A Bruxa e O Farol), O Homem do Norte entrou em exibição esta semana no CineX, no Shopping de Catanduva.

Como uma verdadeira saga nascida na cultura dos povos vikings (escandinavos), Amleth é vivido pelo sueco Alexander Skarsgard e tem sua história narrada pelo escritor islandês Sjón. O elenco ainda conta com Ethan Hawke como o rei Aurvand e Claes Bang (de The Square - A Arte da Discórdia), como seu meio-irmão Fjölnir, além de Nicole Kidman como a rainha Gudrun. Willem Dafoe é outro ator de destaque, como o bobo da corte, Heimir, o Tolo.

Como na série Vikings, O Homem do Norte é igualmente envolvido em inúmeras e sangrentas batalhas de espadas, maças, machados e escudos, combates e golpes fatais. Amleth, que cresceu obcecado pelo desejo de vingança entre saqueadores de aldeias eslavas, encontra o amor e um caminho para a redenção na eslava Olga (Anya Taylor-Joy, de A Bruxa). Ela o ajuda a se passar por escravo com um nome falso para se aproximar de seu tio usurpador Fjölnir, mas descobre que a coisa não será tão simples. Além de ser obrigado a realizar as mais exaustivas tarefas, enquanto desenvolve seu plano de vingança, descobre que a mãe, a rainha Gudrun, teve um filho com o assassino do pai – Gunnar (Elliott Rose) e não foi sequestrada, tornando-se sua consorte.

O imaginário fantástico também se faz presente no filme, através de Seeress, a Bruxa Eslava, interpretada pela cantora pop islandesa Björk, que volta ao cinema após anos. Seu papel é guiar Amleth em sua missão de vingança, para servir a seus próprios planos.

“Ser ou não ser, eis a questão”, outra frase famosa que teve sua origem em Hamlet, se faz presente, em espírito, mas não em palavras, na nova versão dessa velha história. Na peça de Shakespeare, na história real (ou lendária) de poder e vingança, amor, ódio e obsessão, a ordem dos fatores não muda o resultado.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.