O futuro da cultura também em jogo

“Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva.” 

Albert Camus 

Escritor, filósofo, romancista, dramaturgo, jornalista e ensaísta franco-angelino 

 

Há uma semana das eleições, cinco milhões de trabalhadores diretos da cultura, mais os milhões de pessoas em torno que dependem desse trabalho, levantam as frontes e olham o amanhã, idealizando um porvir luminoso para uma classe que aspira, como outros tantos milhões de brasileiros, dias melhores, mais justos e plenos. 

Não só artistas fixam na possibilidade de um futuro com reais oportunidades de trabalho e crescimento cultural. O povo também deseja ter acesso à cultura. A população adere a todo e qualquer evento, festival, ações artísticas, nos bairros, nos espaços culturais, enfim, onde houver a oportunidade de desfrutar da emoção e alegria de assistir a uma peça teatral ou dança, circo, exposições de artes, folclore, shows musicais, contação de história, saraus etc., lá estará o povo! 

E diante do caos que vivemos da agressividade gratuita, da violência e dos radicais políticos e religiosos, a cultura padece, e nossa sociedade é uma selva de caçadores implacáveis, de gritos de ódio e lágrimas de fome, doença e pior: abandono da educação, saúde, ciência e tecnologia. 

Há uma semana das eleições, buscamos possibilidades e encontramos três propostas para a cultura. Luís Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes e Simone Tebet assumiram o dever de recriarem o Ministério da Cultura. Evidentemente que não se pode esperar isso do atual presidente do país que fechou o Ministério da Cultura no dia seguinte da sua posse. Mais que isso: demoliu toda e qualquer política cultural, em função de uma visão medíocre e vingativa que destrói um país, porque claramente a intenção era prejudicar os artistas (que provocam reflexões e atitudes com suas obras), no entanto, quando se lança a cultura ao abismo como no momento atual, toda a sociedade perde, o povo é atingido em sua alma, em sua essência, pois sem cultura é impossível que um país cresça.  

A cultura aliada à educação, propõem um crescimento sem igual, em todos os sentidos. Não apenas artistas encontram seu nicho. O país reencontra-se consigo mesmo, sem sua identidade, em sua alegria de criar e viver. 

Recriar o Ministério da Cultura é fundamental, um primeiro passo, que precisa ser seguido de políticas culturais que retirem a sociedade dessa selva que nada cria, nada agrega, nada eleva, nada estimula e ainda provoca fome, miséria, tristeza e desespero! 

Artistas se mobilizam, sim, contudo de braços dados com a população que diariamente encontramos e sempre reivindicam mais teatro, mais dança, mais Arte!!!  

Necessitamos urgentemente de um país livre! Livre das garras do ódio, da intolerância, do fanatismo e da ignorância. Necessitamos de luz!!! 

Estamos há uma semana de um primeiro passo fundamental da retomada da nossa identidade e de nossa liberdade.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.