O Fenômeno chamado Barbie

Poucos são os produtos que conseguem resistir ao tempo mantendo-se no topo de vendas por décadas e décadas em praticamente todos os países do mundo. Pode-se citar a Coca-Cola(1886), o perfume Chanel nº 5(1921), o Marlboro(1924), o Corolla(1966), brinquedos Lego(1949) e a boneca Barbie(1956). Curiosamente, dos seis produtos citados, três são americanos, enquanto que os outros surgiram na Dinamarca, França e Japão. Dos seis, apenas um existe desde o século XIX; dois são do início do século XX e três a partir da metade deste mesmo século. Na semana passada o filme Barbie trouxe mais rosa ao mundo com o lançamento simultâneo em vários países, inclusive no Brasil. O lançamento em nosso país bateu recorde de público, sendo a terceira maior bilheteria da história, com 4.1 milhões de ingressos vendidos num único dia. Sucesso de bilheteria à parte, fato é que o filme conseguiu dividir a crítica desde os que acharam a película um lixo, passando por outros que não foram além da nota cinco considerando-o como o melhor entre os piores e, até mesmo os mais entusiastas que a consideraram uma produção esmerada, apesar de não ser uma verdadeira obra prima. Fato é que, a boneca Barbie, criada por Ruth Handler, que faleceu aos 86 anos em Los Angeles, em 26 de abril de 2002, tem uma história interessante. Inspirada, para não dizer copiada com pequenas adaptações da boneca alemã Bild Lilli, talvez a primeira a ter uma aparência adulta, a Barbie, assim chamada em homenagem à filha Barbara, com as suas inúmeras versões e diversos acessórios, ainda hoje representa grande parte do faturamento da Mattel, empresa que pertence à família da criadora da boneca. Desde seus primeiros dias como modelo adolescente quando a boneca Barbie foi lançada, usando um maiô listrado de zebra em preto e branco e um rabo de cavalo exclusivo que era disponível nas versões loira e morena, ela já apareceu como astronauta, cirurgiã, atleta olímpica, esquiadora, instrutora de aeróbica, repórter de TV, veterinária, estrela do rock, médica, oficial do exército, piloto da força aérea, diplomata, rapper, candidata presidencial, jogadora de beisebol, mergulhadora, salva-vidas, bombeira, engenheira, dentista e muito mais. Ao criar uma boneca com características adultas, a Mattel permitiu que as meninas se tornassem o que quisessem, daí talvez o segredo de tanta longevidade. Mesmo nos tempos atuais onde o celular passou a ser o brinquedo de desejo das crianças praticamente desde o berço, a Barbie ainda é a boneca mais vendida no mundo. Em seu primeiro ano, 300.000 Barbie´s foram vendidas e desde então o amor do público pela boneca só aumentou. Em 2021, foram vendidas mais de 86 milhões de bonecas Barbie, ou seja, cerca de 164 a cada minuto chegando a quase 3 por segundo. A Mattel estima que existam mais de 100 mil ávidas colecionadoras de Barbie no mundo, sendo que 90% são mulheres, com idade média de 40 anos e que compram mais de vinte bonecas Barbie por ano, sendo que 45% delas gastam em média mais de mil dólares com essas compras. O preço no Brasil da boneca mais simples está em torno de R$50,00, chegando a mais de R$300,00 para os modelos mais sofisticados com acessórios. Quando foi lançada em 1959 nos EUA, custava apenas 3 dólares, o que equivale a 31 dólares em valores atuais. A febre desse fenômeno chamado Barbie em todo o mundo, sendo o filme mais comentado do ano, deve impulsionar ainda mais as vendas da boneca e sabe-se lá do que mais relacionado com o tema. Fato é que, a cor rosa nunca esteve tão em moda, principalmente nas salas de cinema onde o filme está sendo exibido. E, sem querer desmerecer o mérito da sua criadora, tudo começou com uma ideia copiada! Como disse um dia Takeo Fukuda(primeiro ministro do Japão de 24 de dezembro 1976 a 7 de dezembro de 1978), autor da célebre frase que auxiliou o Japão a ocupar o lugar de destaque que hoje tem no mundo. – "Copiar para criar, criar para competir, competir para vencer.”

Fonte de pesquisa: Wikipédia e forbes.com.br.

Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.