O Eu, o Individualismo e a Comunidade

A concepção do eu hoje acaba se confundindo com as ideias de individualidade e individualismo, já que as ideias de competição nas diferentes áreas da vida acabam por impactar esse reconhecimento. É fato que ao longo da vida, até o desenvolvimento do pensamento hipotético dedutivo e da reversibilidade de pensamento, as crianças estão centradas no chamado egocentrismo, ou seja, não há ainda a descentração, nem tampouco a compreensão de novos pontos de vista.

A partir disso, podemos observar que a criança egocêntrica não consegue assinalar em sua mente esses pontos de vista, impossibilitando que estes façam parte de um raciocínio mais crítico e reflexivo, levando em conta o contexto social envolvido. Nesse sentido, ao fomentarmos a ideia de individualismo em detrimento de individualidade, reforçamos comportamentos egoístas e competitivos.

Cabe salientar que o sujeito individualista é aquele que vive exclusivamente para si próprio, não demonstrando valores morais como generosidade, respeito mútuo. Já a individualidade são características que faz o indivíduo único no mundo.

Para o Eu compreender-se como sujeito no mundo a partir de suas singularidades, em o faz em seu meio social, pelo contato com o outro, que se diferente e se assemelha em diferentes situações, sentimentos, atitudes e ações. Essa distinção inicia-se desde cedo e é preciso compreender tais processos para essas crianças desenvolvam-se como sujeitos, conhecedores de sua individualidade, mas que compreendem seu papel na comunidade.

Fábio Otuzzi Brotto (2013), utiliza um termo interessante, Comum-Unidade, ou seja, algo que nos torna parte de um contexto e que nos obriga a cooperar, e aqui outro conceito interessante, Telma Vinha (2000) explica que co-operar, significa trabalhar junto para um objetivo comum... uma Comum-Unidade.

Portanto, pais, professores e comunidade no geral, devem pautar para uma educação que busque a co-operação, afastando o individualismo, construindo caminhos para que as crianças rompam com essa lógica individualista que nos desumaniza.

É através de uma nova concepção de educação humanizadora, que busca a construção de uma sociedade mais equitativa, que romperemos com o ódio e os preconceitos tão estruturados na sociedade.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva