O esgotamento que ensina
“A adversidade nos ensina tão bem a paciência essencial! E por isso, a adversidade é nossa benfeitora. É a única escola séria que nos resta.”
Auguste Rodin
Sim, há momentos em que você se sente esgotado! Têm-se a impressão de serem instantes mais constantes e mais demorados. A sensação, às vezes, é que não há fim para a angústia. E semelha pandêmica! Todos parecem contaminados por um profundo desânimo ou cansaço.
As adversidades contemporâneas transcendem tudo o que a humanidade já viveu ao longo dos séculos. Nosso momento é inédito. Nunca se viu ou se experimentou algo na história que se assemelhe a essa quase incapacidade de reagir.
Para ser mais claro, nossa geração e, portanto, as que estão chegando, não têm foco. Estamos dispersos, sem concentração, sem atenção e, consequentemente sem motivação. Como produzir sem motivação? E tudo recai sobre princípios e valores, entendimento e conhecimento. Sim, conhecimento. A ignorância avolumou-se e tomou conta da sociedade, indiferente ao aprendizado, à informação ou à cultura. E como tudo isso cansa a quem não tem interesse. Mas, essa impassibilidade contaminou a quase todos! Quase... Porque muitos lutam. Quase sem forças, mas permanecem na batalha. Porque, para esses últimos, a adversidade é escola. E, como afirmou o grande escultor Rodin: “é a única escola séria que nos resta”!
O desespero nasce quando temos a impressão (se não for fato!) que, no geral, as pessoas realmente não se importam mais. Parece que abrir os olhos, escutar, observar, compartilhar vivências e buscas, lutar e produzir tornou-se uma afronta! Há um desgaste mental para quem prefere o sub-humano.
Nesse processo, contudo, perseveramos. Justamente aí, surge o subproduto cultural. Pseudointelectuais que dizem produzir arte e cultura, mas tentam – sem compromisso mais profundo – enfiar goela abaixo da sociedade trabalhos toscos, mal-acabados, sem qualidade ou preocupações básicas. E não nos referimos a trabalhos amadores, pois que há muito amador excelente, mas sim ao descuido, ao pouco caso com o público. Junta-se a isso a falta de apuração de agentes culturais ou produtores que só visam a bilheteria ou projeção pessoal.
Nesse processo desgastante, o ruim supera o bom, o superficial transpõe o profundo, a filosofia do “qualquer coisa” vende mais que o poético e o esgotamento se agiganta! Mas... “a adversidade nos ensina tão bem a paciência essencial”, ressaltou Rodin e é bem verdade. Dói. Machuca. Por vezes, desanima. Porém, é essencial produzir e esperar, semear para o tempo de colher.
Sim! Como afirmou com toda sabedoria o filósofo francês André Maurois: “cultura é o que fica depois de se esquecer tudo o que foi aprendido”. A cultura nos salvará desse período sombrio de ignorância e passividade. Voltaremos à humanidade criativa num futuro próximo. É preciso ter paciência essencial e aprender na única escola que nos resta...
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