O Equilíbrio Entre Luz e Sombra

“Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar o inferno” é uma frase atribuída a Carl Jung, e nela encontramos uma sabedoria essencial para a compreensão da natureza humana. Esse pensamento remete à necessidade de equilibrar as polaridades dentro de nós mesmos para alcançarmos crescimento e plenitude.

Jung foi um dos grandes pensadores da psicologia profunda e trouxe à tona a ideia de que não podemos simplesmente rejeitar ou ignorar nossa sombra – os aspectos mais obscuros da nossa psique. Para ele, evoluir significa integrar essa parte reprimida e dar-lhe um significado, permitindo que nossas raízes cresçam tão profundamente quanto os galhos se elevam.

Muitas vezes buscamos iluminação e transcendência sem querer encarar os desafios internos, os traumas, as dores e os medos que carregamos. No entanto, o conceito de individuação, também desenvolvido por Jung, enfatiza que o verdadeiro crescimento espiritual e psicológico ocorre quando abraçamos tanto nossas forças quanto nossas fragilidades.

Quando negamos ou reprimimos aquilo que nos incomoda, nossa sombra pode se manifestar de formas inconscientes, muitas vezes através de comportamentos destrutivos, ansiedades, angústias ou mesmo projeções em relação aos outros.

Portanto, ao aspirarmos tocar os céus – seja através do autodesenvolvimento, da sabedoria ou da transcendência –, precisamos estar dispostos a lidar com as profundezas do nosso ser. Somente aqueles que enfrentam a escuridão podem verdadeiramente encontrar a luz.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp