O destino em nossas mãos

 

Hoje, 156 milhões de brasileiros estarão aptos a votar nos representantes e mandatários que vão traçar e definir o destino do nosso país, por quatro anos ou mais. Considerando a abstenção da última eleição (20,3%), aproximadamente 125 milhões exercerão o sagrado direito de votar.

Os que não assim não farão, pelas mais variadas razões, devem somar 31 milhões de eleitores que é superior a população somada dos estados do Rio Grande do Sul Paraná e Santa Catarina (30.221 milhões). Na digitação dos números que cada um de nós escolheu, estará implícita a outorga de uma espécie de procuração em branco para o eleito agir e representar quem o escolheu e até mesmo quem não o escolheu.

Esses eleitos vão executar e administrar um montão de dinheiro (presidente e governadores), que é produto das nossas contribuições compulsórias (tributos), mas também, no caso dos senadores e deputados, cuidarão de instituir leis que poderão ter repercussão incisivas, determinantes e até mesmo nefastas em nossas vidas.

A decisão, portanto, é muito séria, mas quantos desses 125 milhões de eleitores sabem disso? Dez, vinte, trinta por cento? Sabe-se lá, mas o fato é que a grande maioria seguramente não tem a noção nem a dimensão do quão responsável é o ato de digitar os números escolhidos na urna eletrônica.

Desde que Clístenes, considerado o “pai da democracia ateniense”, que liderou a primeira experiência democrática da Antiguidade Clássica, após a rebelião que derrubou do poder o então tirano Iságoras, em 508 a.C, passando por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), escritor e filósofo suíço de língua francesa, considerado pai da democracia moderna e finalmente, chegado ao filósofo iluminista francês Montesquieu, cujo nome verdadeiro era Charles-Louis de Secondat (barão de La Brède e de Montesquieu), que foi o responsável pela criação da Teoria da Separação dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), até os nosso dias, que o processo tem sido assim.

Escolhem-se os governantes e seja lá o que Deus quiser! O voto está para a democracia, assim como o alimento está para a vida. Ou seja, um não sobrevive sem o outro – em outro dizer, um dá a vida ao outro. Desde que a democracia chegou para ser definitiva (espera-se!) em nosso país em 1985, que não se assiste uma polarização tão grande entre dois candidatos que disputam a presidência.

Enquanto o estado de São Paulo tem, entre os três primeiros colocados, dois candidatos de, até então, respeitável credibilidade pelos feitos e realizações do passado, na esfera federal, infelizmente a situação não é a mesma e, tudo leva a crer que a decisão somente será conhecida em 30 de outubro, lembrando que é a vez primeira que as eleições ocorrem no primeiro e último domingo do mesmo mês.

Seja lá como for, melhor assim do que ter um Iságoras ou qualquer outro déspota no poder, porque não se faz mais Clístenes, nem Rousseau e tampouco Montesquieu, como antigamente. Tomara que os eleitos tenham consciência do que disse John Beames (1837 – 1902), quando escreveu que: “Governar homens é um trabalho sublime. A mais nobre das ocupações... Embora talvez seja a mais difícil.”

Por fim, nunca é demais lembrar que o seu voto representa uma procuração em branco para o seu escolhido (se eleito) dela fazer um bom ou mau uso. Tomara se lembre do nome dele um dia e não se decepcione!

Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.