O desejo da completude

Relacionamentos não são para sermos felizes. São para crescimento espiritual. Se der para ser feliz, não tem problema. Mas não é o objetivo.

Os relacionamentos são feitos de máscaras com o objetivo de conquistar o outro. Em todas as nossas relações o conflito existe, o que provoca: relações superficiais ou consequências devastadoras.

Durante um tempo os relacionamentos parecem perfeitos, como quando estamos apaixonados, mas a perfeição aparente acaba destruída por discussões, conflitos, e até mesmo por violência, transformando-se numa relação de amor e ódio. Quando os ciclos negativos e destrutivos acontecem com frequência, não demora muito para o relacionamento acabar.

No mundo de dualidade, tudo que existe é em pares. Amor e ódio, prazer e dor, alegria e tristeza, claro e escuro, positivo e negativo. Pelo lado negativo temos: a possessividade, ciúmes, controle, ressentimento, insensibilidade, cobranças emocionais, raiva e até violência física. Pelo lado positivo temos: uma paixão pelo outro. Sentimo-nos intensamente vivos. Alguém precisa de nós, nos deseja e nos faz sentir especial. Além disso, provocamos as mesmas sensações no outro. Existe uma dependência nessa intensidade. Ficamos viciados na outra pessoa que age sobre nós como uma droga. Quando a droga está disponível tudo bem. Quando não está disponível pode levar ao ciúmes e medo da perda.

O desejo de ter um relacionamento amoroso é universal porque as pessoas acreditam que o amor pode libertá-las do medo, da necessidade e do vazio. Os seres humanos querem se unir porque tem o desejo de ser completos. É um impulso quase irresistível de união com a polaridade oposta. A raiz desse impulso é espiritual, porque temos o desejo do fim da dualidade, de um retorno ao estado de completude. A união sexual é o mais próximo que podemos chegar desse estado no nível físico. Ela não passa de um lampejo breve de plenitude. Temos um lampejo do paraíso, mas não podemos permanecer nele.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp