O Circo e a Lei Rouanet
Reportagem da edição de ontem jogou luz para um dos espetáculos do Império Cirkus, que está nos últimos dias de sua temporada na cidade. Trata-se do Arqueiro, profissional que utiliza várias balestras, uma espécie de espingarda com arco e flecha, para acertar alvos fixos e em movimento. A cada tiro, o alvo diminui e o desafio aumenta. Porém, o tema deste texto vai além do que é visto no picadeiro: queremos focar mensagem postada nas redes sociais do circo com o título “Não sou contra incentivo cultural”, em texto assinado por Leonardo Rios, um dos filhos de Peri, o multiartista que fundou a companhia circense em 2010 e faleceu em meio à pandemia. No desabafo, Rios critica a desigualdade nas leis de incentivo. “Vejo amigos na base da pirâmide comemorando um governo que espalha milhões pela "cultura", ótimo! Porém muito mal distribuído. Enquanto ele que realmente precisa, pois está começando, trabalha hoje pra comer amanhã não consegue nada nem verba nem mesmo menos burocracia pra trabalhar. Aí vemos artista no topo da pirâmide já milionários capitar milhões pra dois espetáculos”, reclama ele, em provável referência à aprovação federal para captação de R$ 5 milhões pela Lei Rouanet para o projeto “Cláudia Raia - Os Musicais”, peça estrelada pela atriz global. O portaria com a homologação da proposta foi publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira passada. Rios afirma que os circos lutam para ter menos burocracia e taxas e confidencia que há muita dificuldade para levar a cultura circense a algumas cidades por falta de espaços destinados a esse tipo de atividade. “Tem municípios que cobram uso de solo por metro quadrado, absurdo, fora demais impostos”, critica. O artista sugere que as cidades possam isentar ou até permutar as taxas, no sentido de estimular a arte e até atrair os circos. “Será que o circo nunca será visto?”
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