O calor intenso e os desafortunados

 Reflexão acerca da pobreza (material e de espírito)

Estes últimos dias têm sido de calor intenso para praticamente todo o país, isso nos leva a uma importante reflexão, que é: eu, você e todos os que gozam da possibilidade de ter um ar-condicionado que venha a refrescar o ambiente ou até mesmo um ventilador reclamamos do calor que ainda persiste.

Nós que temos a possibilidade de beber água gelada, tratada, buscar gelo no freezer da geladeira ou ainda comprar água, gelo, enfim, nós que detemos recursos financeiros para adquirir algumas coisas que mitiguem o calor intenso ainda assim reclamamos da intensidade deste terrível calor.

Neste sentido, obviamente não nos damos conta da imensa vantagem em relação a outros que estão abaixo da linha da pobreza, mesmo ainda sendo pobres na maioria das vezes. Isso nos leva a outra reflexão, quantas vezes pensamos nos menos afortunados? Obviamente numa sociedade extremamente desigual, em que o individualismo e competição reina, não se faz distante o pensamento meritocrático que fala: “está nesta situação porque não se esforçou”, sem levar em conta a desigualdade social e todos os problemas que acometem o Brasil no que tange à extrema pobreza.

Essa falta de afeto, de amor e de carinho ao próximo denota intensa pobreza de espírito. No que tange às desigualdades sociais, os mais carentes sofrem não só com o calor, mas também com a falta do básico, como saneamento básico, água tratada, casa em condições mínimas de habitação e comida.

É imprescindível que nestes extremos haja ação pública a título de amenizar o impacto negativo e até possíveis mortes em tempos como esse. Outro ponto, talvez, que não dá visibilidade e tampouco glamour, mas que pode auxiliar o próximo é o fato de não negar água a quem pede, inclusive pessoas em situação de rua, pois estes já são marginalizados e invisíveis ante à sociedade. Façamos um pouco, mas que este pouco seja com amor e carinho, sem humilhar os mais necessitados, pois, como diz o ditado, o mundo dá voltas e pode ser que, em algum momento, sejamos nós os necessitados.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva