O amor começa em mim
Por muito tempo, acredita-se que o amor é um presente vindo do outro, algo que completa e dá sentido à existência. No entanto, com o tempo, descobre-se que o amor não vem de fora; ele brota no interior. O modo como cada um se cuida, se olha, se acolhe e se respeita determina a qualidade das relações que se constrói.
A solidão desesperada acolhe qualquer presença, aceita qualquer migalha de afeto. Já a soletude escolhida é diferente: é leve, plena e repleta de autonomia. Quando se compreende essa diferença, não há mais espaço para aceitar amores pequenos, que apenas ocupam um vácuo. Afinal, relacionamento não é remédio. Ninguém chega para consertar, preencher ou salvar. O amor verdadeiro nasce entre aqueles que já se bastam, que não se enxergam como metades, mas como inteiros prontos para compartilhar.
O amor se apresenta em muitas formas. Não se restringe ao romance, mas pulsa nas amizades que sustentam, nos encontros que transformam e no carinho sincero de quem permanece. A vida é abundante em amor, mas é preciso um olhar atento para percebê-lo. O amor está nos detalhes, na brisa que acalma, no café compartilhado, no olhar que conforta.
Paixão e compatibilidade são caminhos distintos. A química pode ser ardente, efêmera como o fogo que se apaga. O que realmente perdura é a conexão sincera, a troca genuína e o respeito que floresce dia após dia. Não basta sentir borboletas no estômago; é essencial sentir paz na alma. Porque o verdadeiro amor não desassossega, ele acalma.
A vida não se inicia quando o amor chega. Ela já está acontecendo, pulsando em cada instante, repleta de possibilidades. Amar é sublime, mas a felicidade não pode permanecer suspensa, esperando por um amor que talvez nunca chegue. E se um dia ele vier, que venha para acrescentar, nunca para preencher um vazio. Até lá, que cada um seja suficiente em si mesmo, pois a verdadeira plenitude nasce da própria completude.
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