O Agente Secreto, a nova esperança brasileira do Oscar
Já está em exibição em todo o Brasil, Catanduva inclusive, O Agente Secreto, premiado filme brasileiro que, assim como Ainda Estamos Aqui, reporta ao período da ditadura militar. O filme foi escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho, cineasta pernambucano que se tornou um dos nomes mais influentes do cinema brasileiro contemporâneo. Entre suas obras anteriores mais conhecidas estão O Som Ao Redor (2013), seu primeiro longa-metragem de ficção, ambientado em Recife, que lhe deu projeção internacional; Aquarius (2016), com protagonismo de Sônia Braga, que também foi destaque em festivais; Bacurau (2019), codireção e grande reconhecimento internacional, misturando elementos de faroeste, ficção e crítica social. O filme será exibido no Cine Debate do Sesc, gratuitamente, no próximo dia 15, sábado, às 14h.
Em O Agente Secreto, o diretor dá seguimento à sua marca autoral: Recife como cenário, reflexão política e social, com estilo visual próprio.
O filme se passa no Brasil em 1977, em plena ditadura militar. O protagonista, Armando (Wagner Moura), é um ex-pesquisador que retorna à sua cidade natal, Recife, em busca de recomeço. Mas o refúgio que busca rapidamente se transforma em armadilha: ele percebe que está sendo seguido, espionado, envolvido em uma trama de paranoia, vigilância e poder autoritário que reflete os mecanismos de controle do regime militar. O filme mistura suspense, thriller político e de espionagem num clima “noir” (o estilo dos filmes policiais chamado “film noir”): não se trata apenas de perseguição formal, mas de uma construção de tensão, claustrofobia social e memória coletiva.
O filme fez sua estreia mundial no Festival de Cannes, em maio deste ano, na seleção oficial, conquistando prêmios importantes Melhor Diretor para Kleber Mendonça Filho e Melhor Ator para Wagner Moura. Também no festival, venceu prêmios da crítica internacional, como o Prix des Cinémas d’Art et Essai.
O Agente Secreto foi escolhido como representante do Brasil para os Óscar 98.º (2026) na categoria de Melhor Filme Internacional.
Além de Maria Fernanda Cândido como Elza, o filme tem a participação de Udo Kier, ator alemão de longa carreira: o que acrescenta um elemento de escala internacional e simbolismo ao regime nascido do golpe de 1964 (e a presença de refugiados nazistas em países latino-americanos, com apoio da CIA, a agência de contra-espionagem americana).
Em listas de “potenciais indicados” de publicações americanas, tanto Wagner Moura quanto o próprio filme aparecem como fortes candidatos. Porém, como sempre no Oscar, indicação não garante prêmio. As chances reais dependem de vários fatores: campanha, distribuição nos EUA, visibilidade entre os votantes, e concorrência internacional.
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