O 37 que virou 38

Diferente do que o leitor possa imaginar, não se está falando de calibre de revolver, tampouco de idade ou de alguma efeméride importante. O 37 em questão é o tamanho do calçado que um número não muito grande de homens calça (normalmente os baixinhos) e que, cada vez mais, tem dificuldade de encontrar sapatos nesse tamanho.

Se antes não era fácil encontrar esse número nas lojas, hoje está muito mais complicado e dificultoso, já que o 37 dos dias atuais acabou virando 38. A forma do 37 cresceu, mas os pés dos usuários desse tamanho de calçado não. Então, a conta não fecha! 

Isso, por analogia faz lembrar uma frase de Reuben A. Long (The Oregon Desert), publicada na Revista Seleções, pg. 23, dezembro de 1966. “Quando eu era garoto, meu pai um dia me disse: Reuben, meu filho, quando você crescer, adquira terra. Deus parou de fazer terras, mas continua fazendo gente.” 

Em outro dizer, a indústria parou de fabricar o autêntico 37, mas os usuários desse número existem e provavelmente continuam a nascer. Em nosso país, a indústria de calçados, desde os seus primórdios, definiu como escala o ponto francês – dois terços de centímetro (0,66 cm) –, que é mais ou menos o padrão em toda a Europa continental.

No Japão, o padrão é mais simples: 1 ponto mede 1 centímetro. A contagem começa do zero, mas não exatamente em uma das extremidades do pé. O zero fica a 4 polegadas depois do calcanhar. Nos EUA o número é definido em polegadas (muito mais simples) e no México os sapatos são marcados em outra versão do sistema baseado em grãos de cevada para o comprimento da forma ou de acordo com o comprimento do pé em centímetros ou polegadas (confuso mas funciona).

Assim, nos EUA o nosso 37 corresponde ao 8 e no México ao 38. Complicado né? A diferença é que nesses países o 8 ou 38, que é o nosso autêntico 37, não mudou de tamanho.

Aqui, já está na hora da indústria voltar a produzir o verdadeiro 37 e, se não o fizer, só restará aos homens de pé pequeno voltar ao tempo de ter que fazer sapato sob medida nos poucos sapateiros que ainda existem. Nesses, com certeza, a forma do 37 não virou 38. 

Fontes: 

 

Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.