Números da desigualdade

A concentração dos médicos brasileiros é menor no setor público, com baixa presença de especialistas. Além disso, continuam as desigualdades na distribuição desses profissionais, com forte concentração nas regiões Sul e Sudeste. A feminização se mantém em ascensão, embora haja discriminação em relação ao gênero no que se refere à remuneração. Esse resumo consta nas conclusões do estudo Demografia Médica no Brasil do ano 2015, realizado pela Faculdade de Medicina da USP, com apoio do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e do Conselho Federal de Medicina (CFM). Mas, veja, os indicadores não diferem muito do levantamento feito pelo Instituto República.org, ainda que este tenha como único foco o setor público. O problema a ser enfrentado pelas autoridades é a existência de verdadeiros “desertos” de médicos – são regiões do país em que as taxas de profissionais para cada grupo de mil habitantes são baixíssimas. Como mostrado na reportagem, quase 1.800 municípios brasileiros tinham menos de um médico para cada mil habitantes no serviço público em 2021. Em outras palavras, quase um terço dos municípios tinham menos de um médico por mil habitantes atuando na rede pública e, certamente, isso não mudou praticamente nada de lá pra cá. Os estudos sobre o tema mostram claramente o embate das capitais x interior, já que elas – as capitais – respondem por mais da metade dos registros de médicos, ao passo que a população interiorana é bem superior. Resultado: os índices de médicos por habitantes são bem mais elevados nessas grandes cidades. Isso sem contar a desigualdade no aspecto regional, que novamente coloca o Sul e Sudeste em melhores condições que o Norte e Nordeste.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.