Novidades na Medicina
Vivemos um dos períodos de maior avanço na história da medicina. Até há 200 anos, o progresso era lento, em pequenos saltos, de forma isolada, dispersa, intuitiva, com método científico sofrível e muitas vezes sem querer.
Num futuro próximo, algumas novidades se consolidarão. O cultivo de tecidos humanos a partir de células tronco está se sofisticando cada vez mais, a ponto de já serem produzidos pequenos vasos sanguíneos e até neurônios.
Na oncologia, ao invés de agrupar os pacientes em categorias abrangentes de enfermidades, a medicina de precisão adapta a prevenção, o diagnóstico e o tratamento às características bioquímicas e genéticas únicas de cada pessoa. Vasculha-se o DNA das células tumorais do paciente. Em seguida, programas de computador cruzam milhares de variantes genéticas, em centenas de medicamentos com milhões de combinações farmacológicas, de modo a definir a terapia mais eficaz.
Com os recursos disponíveis atualmente, ainda que a um custo elevado e acessível para poucos, dá para fazer sequenciamento ultrarrápido do DNA, engenharia de tecidos humanos, reprogramação celular e edição de genes. Será possível em alguns anos, individualizar boa parte dos tratamentos.
Em 1990, iniciou-se o Projeto Genoma Humano que levou 13 anos para mapear os 3,2 bilhões de pares de compostos do DNA humano a um custo de um bilhão de dólares. Hoje, o sequenciamento de um genoma custa em média 1000 dólares e conforme o equipamento, o resultado sai em dias. Em pouco tempo, será viável prever, com anos de antecedência, o risco de uma pessoa ser acometida de câncer, doenças cardíacas e outras doenças.
A prevenção de doenças atingirá um outro patamar. Seus princípios se basearão em análises de dados coletados constantemente. Para o futuro, teremos vasos sanitários que detectarão sinais de alterações na urina e nas fezes, escovas de dente que analisarão a saliva, geladeiras que analisarão os hábitos dietéticos, veículos que detectarão poluição ambiental e motoristas alcoolizados, dispositivos eletrônicos que monitorarão atividades físicas, sinais vitais e exposição aos raios solares. Lentes de contato poderão verificar a pressão arterial bem como medir os níveis de glicemia nos olhos. Máquinas funcionarão como narizes eletrônicos detectando alterações na respiração e no suor.
Naturalmente surgem muitas questões bioéticas e operacionais sobre os fenômenos citados. Onde se armazenarão tantos dados? Eles servirão realmente para alguma coisa? Os custos compensarão? Como tornar acessível para todo mundo? Em que medida a tecnologia e os avanços na genética ampliarão os horizontes na medicina? O quanto as máquinas substituirão os profissionais de saúde? Para quem viu no que o celular se transformou em menos de dez anos, não duvido de mais nada.
Autor