Nós importamos alimentos

Tecnicamente falando, a agricultura familiar é praticada em pequenas propriedades de terra, nas quais mais da metade da mão de obra é formada por membros de um mesmo grupo familiar. Essa família é a responsável pela gestão do estabelecimento e sua renda advém das atividades ali desenvolvidas. No Brasil e no mundo, a agricultura familiar responde pela maior parcela da produção de alimentos, como verduras, frutas, ovos e leites, por isso ela se torna uma atividade de grande importância para os circuitos locais da economia. Regionalmente falando, o problema é que a agricultura familiar perdeu espaço. A reportagem da edição de ontem comprova isso. Enquanto o agronegócio de Novo Horizonte acessou mais de R$ 171 milhões em créditos do governo federal, a agricultura familiar obteve R$ 1,2 milhão, equivalente a 0,73% do total. Com relação a Catanduva, o agro conseguiu R$ 8,9 milhões e a agricultura familiar R$ 268,3 mil, o que corresponde a 2,99%. Levando-se em conta toda a região, que é composta por 18 municípios, os números são R$ 354,7 milhões para o agro e R$ 19 milhões para a agricultura familiar. Como resultado, as estimativas indicam que, hoje, a região de Catanduva não consegue produzir nem 20% do que consome, tendo que importar produtos da cesta básica. A nova política industrial, anunciada esta semana pelo governo federal, prevê R$ 20 bilhões para a mecanização da agricultura familiar, com o intuito de fomentar projetos sustentáveis para segurança alimentar, energética e nutricional. Os recursos serão utilizados para a compra de máquinas nacionais, com meta de alcançar 70% de mecanização dos estabelecimentos, hoje em 18%. Com isso, haveria ganho de produtividade. Pelo andar das coisas e pela pouca expressividade da agricultura familiar na região, provavelmente fatia muito pequena desse montante seja aportada por aqui. Esse cenário mostra que os municípios, de algum modo, precisam dar atenção para esse tema.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.