No advento das Inteligências Artificiais, Uma Odisséia no Espaço faz 55 anos

Chat GPT, Write Sonic, Bing AI, MidJourney, Blue Willow, Lexica, entre tantos nomes que surgem a cada dia das chamadas Inteligências Artificiais (IA, ou AI, na sigla em inglês), são fontes de notícias constantes dos veículos de comunicação. E quase todas as matérias usam como gancho filmes como Exterminador do Futuro, com sua Skynet, ou Matrix – mas, via de regra, surge sempre o nome HAL 9000 – a IA do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço, que completa 55 anos exatamente amanhã, dia 3 de abril.

Talvez pelo impressionante realismo de suas previsões (exceto as datas) exibindo video-chamadas, tablets e o design de tecnologias digitais, 2001 não envelheceu, como outras produções de ficção científica do século XX. A figura do supercomputador HAL representada no filme por uma câmara com lente vermelha, é referência constante sobre as atuais Inteligências Artificias e seus perigos para o mercado de trabalho e o futuro da humanidade.

Fruto da colaboração do escritor Arthur C. Clarke e do diretor Stanley Kubrick (O Iluminado, Laranja Mecânica), 2001 era uma nova versão da clássica Odisseia de Homero, sobre a jornada do homem primitivo até a superinteligência. Criado com a assessoria dos maiores cientistas espaciais da época, o design de naves e máquinas, a I.A., displays que lembram uma SpaceX atual, os efeitos previram e influenciaram as próximas gerações de cientistas, ajudando a moldar o futuro. Isso não livrou o filme de furos políticos como a queda da URSS e o fim da Guerra Fria. O ser humano ainda levaria mais de um ano para chegar à Lua, quando Kubrick lançou, em 3 de abril de 1968, aquele que se tornou um dos maiores clássicos da história do cinema.

O realismo das cenas na Lua são tão grandes, que se tornaram um dos fetiches dos adeptos da teoria da conspiração de que o “homem jamais foi à Lua”, e até hoje (ainda mais com os terraplanistas na moda) abundam fakes negando que o homem esteve lá. E que o próprio Kubrick teria filmado em estúdio todas as cenas da Apollo 11 para a Nasa. A piada é que o diretor era tão rigoroso, que filmava apenas em locação. 

2001 começa com o homem-macaco, cuja inteligência é despertada por um “monólito negro”, ao som de “Assim falou Zaratrusta”, de Richard Strauss; salta para uma estação espacial (o maior corte cinematográfico da história), colônias na Lua e uma viagem a Júpiter na Discovery, quando HAL, o supercomputador, se revolta e mata todos a bordo, por não aceitar ser desligado. Apenas um sobrevive, David Bowman (Keir Dullea), que depois é projetado num “portal de estrelas” por outro monólito negro, até sua evolução para uma “criança cósmica”. A cena final, novamente ao som de Strauss, virou trilha sonora de todo tipo de evento midiático posterior.

A data passou, mas 2001: Uma Odisseia no Espaço é uma obra de arte atemporal.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.